Por Sueli Fontes (da Redação)
Dez espécies em risco de extinção são as mais ameaçadas pela caça e o tráfico de animais silvestres em Santa Cruz, na Bolívia, segundo dados da Governadoria, que colocou em ação um plano que busca frear esta atividade ilícita, que inclui apreensões, processos contra os infratores e serviço comunitário. As informações são do Jornal El Deber.
O macaco martín, a arara militar, a arara-azul, a arara-amarela, o urso-de-óculos, o tigre ou jaguar, a anta, o veado dos pântanos, as lontras ou lobos e o veado-catingueiro são os animais em risco mais atingidos por esta atividade, segundo o secretário de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente da Governadoria, Manlio Roca.
Ainda que sua população não esteja em perigo, mas seja considerada vulnerável, a caça e a pesca também afetam tatus, lagartos, porcos selvagens e outros animais.
Os dados das apreensões são uma prova desta situação. Somente nas últimas operações surpresa, efetuadas nas diversas regiões do distrito, foram apreendidos uns 1.000 quilos de carne armazenada e mais de 5.000 animais vivos (incluindo lagartos pequenos).
A caça e pesca de animais aumenta nos finais de semana e durante os feriados prolongados. São praticadas em diversas regiões do distrito, principalmente nas áreas próximas do rio Ichilo, do rio Grande e Chiquitania. Por exemplo, somente na Semana Santa a Governadoria confiscou 434 quilogramas de carne de animais silvestres.
Os caçadores matam os animais, tiram suas peles e escorrem o sangue para transportá-los à capital em caixas térmicas e freezer. Aqueles que são capturados vivos são trazidos em jaulas o que faz com que muitos cheguem com sinais de maus-tratos.
Segundo os dados da Diretoria de Recursos Naturais (Direna) da Governadoria, os animais vivos confiscados são trasladados ao centro de atendimento de urgência da Fundação Fauna Bolívia, onde passam por uma quarentena para reabilitação e posteriormente são encaminhados aos diversos abrigos.
Esta diretoria recebe uma média de seis denúncias por semana relacionadas com maus-tratos, caça e tráfico de animais.
Proibição
Roca reiterou que a caça com fins comerciais está proibida pelas normas vigentes e, portanto, o controle desta atividade foi reforçado com o apoio da Fiscalizção, da Polícia e dos municípios afetados, como Fernández Alonso, San Juan de Yapacaní, Yapacaní e Santa Rosa. Nestes locais foram instalados postos de controle, informou a autoridade.
A este trabalho se somam as ações de prevenção, através de campanhas de educação ambiental, disse Roca. “Isto é muito importante, levando em consideração que há muita gente que acredita que é natural atirar em tudo o que se move em um morro”, disse. Nestas ações estão sendo envolvidos estudantes de colégios. A prova disso é que no ano passado mais ou menos mil alunos participaram do Festival da Biodiversidade.
Pedem o reforço das ações
Por sua vez, o veterinário e ex-presidente da Sociedade Protetora de Animais, Waldo Bellido, solicitou o reforço das ações de prevenção. “As pessoas devem se conscientizar que nem todos os animais estão aptos para a domesticação, pois muitos chegam à puberdade e sofrem com o confinamento”, afirmou.
Além disso, o ativista sugere criar um comitê interinstitucional para reforçar os planos de controle e conservação das espécies silvestres, especialmente aquelas que estão em perigo de desaparecer.
Bellido também acredita que é necessário endurecer as penas contra esta atividade, pois, a seu ver, as sanções previstas na lei são leves.
A Lei 1333 do Meio Ambiente da Bolívia estabelece uma sanção entre um e três anos de privação de liberdade para a pessoa que trafica ou caça animais silvestres. “Deve ser incluído o delito de biocídio, porque matar ou traficar animais é atentar contra a biodiversidade”, reforçou.
Lei 1333
Art. 110
Quem, com ou sem autorização, cace, pesque ou capture utilizando meios proibidos como explosivos, substâncias venenosas e as proibidas por normas especiais será sancionado com a privação de liberdade de um a três ano. Se a atividade for realizada em áreas protegidas ou zonas de reserva ou em períodos de proibição, a pena será agravada em um terço.
Quem, com ou sem autorização, cace, pesque ou capture utilizando meios proibidos como explosivos, substâncias venenosas e as proibidas por normas especiais será sancionado com a privação de liberdade de um a três ano. Se a atividade for realizada em áreas protegidas ou zonas de reserva ou em períodos de proibição, a pena será agravada em um terço.
Art. 111
O que incite, promova, capture ou comercialize o produto de caça, posse, armazenamento, transporte de espécies animais e vegetais ou de seus derivados, sem autorização ou aprisionados, sofrerá a pena de privação de liberdade de até dois anos.
O que incite, promova, capture ou comercialize o produto de caça, posse, armazenamento, transporte de espécies animais e vegetais ou de seus derivados, sem autorização ou aprisionados, sofrerá a pena de privação de liberdade de até dois anos.
Processos contra sete pessoas
Em diferentes operações de controle, realizadas este ano em ação conjunta da Governadoria, da Fiscalização e da Policia, conseguiram apreender sete pessoas que estão sendo processadas por traficar animais silvestres e atentar contra o meio ambiente.
A última operação foi realizada esta semana em Cotoca, onde foram encontradas três pessoas com posse de armas de fogo, instrumentos de caça e cinco tatus.
Para o secretário de Meio Ambiente do Governo de Santa Cruz, Manilo Roca, com estas ações se busca criar precedentes e gerar consciência na população de que traficar ou caçar animais é um delito que tem sanção.
fonte: anda
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