A 500 milhões de anos, criaturas marítimas fugiam de uma criatura aterrorizante: um gigantesco camarão primitivo, com visão super desenvolvida. É um dos animais conhecidos mais antigos a ter olhos compostos, a marca registrada dos insetos modernos e crustáceos.
Anomalocaris – que significa “estranho camarão” – é o exemplo mais antigo de um bom predador. Com 90 a 200 centímetros, era o maior animal dos mares Cambriano (fim da era geológica paleozóica). Ele possuía patas ágeis, que o permitiam agarrar sua presa e coloca-lá na boca. Sem pernas, ele devia nadar em alto mar.
Isso levanta uma questão: como ele encontrava suas presas? Ele tinha olhos, mas todos os fósseis descobertos até agora estão em péssimas condições, dificultando saber se eram bons ou não.
Mas John Paterson e seus colegas encontraram um par de olhos bem conservados, de 515 milhões de anos, na Ilha Kangaroo, fora da costa sul do país. “Anomalocaris tinha ótima visão, rivalizando ou superando a de muitos insetos e crustáceos vivos”, comenta Paterson.
O olho que tudo vê
Os olhos estavam em hastes que saíam da cabeça do camarão, cada um com dois a três centímetros de diâmetro – o tamanho de uma azeitona. Eles eram cobertos com lentes, com 70 a 110 micrometros cada. Isso significa que cada olho tinha pelo menos 16 mil lentes.
Os olhos estavam em hastes que saíam da cabeça do camarão, cada um com dois a três centímetros de diâmetro – o tamanho de uma azeitona. Eles eram cobertos com lentes, com 70 a 110 micrometros cada. Isso significa que cada olho tinha pelo menos 16 mil lentes.
“Pouquíssimos animais modernos, particularmente os artrópodes, têm olhos tão sofisticados”, afirma Paterson. Moscas comuns, por exemplo, têm apenas 3 mil lentes. As únicas comparáveis são algumas moscas predadoras que possuem até 28 mil lentes em cada olho.
A visão aguçada do Anomalocaris provavelmente o permitia procurar sua presa nas camadas superiores do oceano, bem iluminadas.
Os primeiros artrópodes – o grupo que abriga os insetos, aranhas e o Anomalocaris – provavelmente tinham olhos compostos. Para utilizar esses olhos, o Anomalocaris tinha que ter um cérebro razoável. E, de fato, evidências moleculares sugerem que estruturas chave do cérebro humano vêm desde os primeiros animais complexos, a pelo menos 600 milhões de anos – muito antes do estranho camarão.
Hora da refeição
Ainda não é claro o que o Anomalocaris comia. Paterson aponta para marcas de mordida e outros ferimentos encontrados em trilobitas (artrópodes) do período, o que pode indicar ataques do predador. Mas também existem sugestões de que sua boca era fraca demais para quebrar conchas, e, nesse caso, ele devia procurar por animais moles.
Peterson afirma que a ameaça do camarão deve ter forçado outras espécies, presas e outros predadores a evoluir rapidamente. Conchas duras eram um caminho óbvio, e surgiram logo depois. Estranhamente, o Anomalocaris não era muito protegido: ele tinha, provavelmente, apenas um exoesqueleto mole.
Mas, independente disso, ele foi um sucesso. Animais como ele sobreviveram até 480 milhões de anos atrás.[NewScientist]
hypescience
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