domingo, 28 de abril de 2013

Pinguins de Humboldt estão ameaçados de extinção graças a ação humana



Fotos: Divulgação
Fotos: Divulgação
Dezenas de pinguins de Humboldt, uma espécie ameaçada e que só faz ninho no Chile e no Peru, tomam sol na ilhota Pájaro Niño, na costa central chilena: antes eram milhares, mas a atividade humana, a corrente El Niño e os ratos ameaçam sua sobrevivência.
De todos os pinguins no Chile, os de Humboldt são a espécie que habita mais ao norte do país, onde estão suas maiores colônias. No Peru é possível encontrar estes pinguins, os únicos no país, nas ilhotas de Callao e na Reserva Nacional de Paracas.
Na ilhota Pájaro Niño, no balneário de Algarrobo, 120 km a oeste de Santiago, alguma vez chegaram a ser cerca de 2 mil animais. Hoje só restam 500.
“Antes estava tudo repleto de pinguins e de pássaros, mas com o tempo começaram a diminuir”, contou à AFP Rubén Rojas, um morador da região, enquanto destaca a pequena ilhota de forma ovoide, de 200 metros de diâmetro e 40 metros de altura.
Pájaro Niño foi declarada Santuário da Natureza em 1978, na mesma data em que foi unido ao continente por meio de uma espécie de braço de cimento que cobre os cerca de 150 metros que o separam da terra firme. Tecnicamente é hoje uma península.
Os trabalhos foram feitos para dar lugar à Confraria Náutica do Pacífico Austral, clube exclusivo de iates de magnatas chilenos. Mas, para os habitantes de Algarrobo isso foi o início do detrimento paulatino da flora e da fauna da ilhota.
No último verão (austral), as crenças dos povoadores se viram confirmadas com a difusão de um vídeo que mostrou trabalhadores da Confraria quebrando os ovos dos pinguins para evitar que continuem se reproduzindo. “Se exterminarem tudo, se acaba toda a sujeira (lixo) que faz com que a ilha fique hedionda”, reflete o Rubén Rojas, sobre as razões por trás da matança.
A Confraria Náutica negou as acusações e se comprometeu a impulsionar iniciativas para proteger os pinguins. A justiça chilena investiga as denúncias, enquanto a comunidade de Algarrobo se mobiliza para proteger a espécie através das redes sociais.
No Chile os pinguins de Humboldt estão na categoria de conservação “vulnerável”, enquanto no Peru estão sob o rótulo de “perigo de extinção”. “Uma multiplicidade de fatores ameaça uma espécie que está extremamente diminuída com relação ao que alguma vez existiu”, afirmou à AFP Alejandro Simeone, diretor do Departamento de Ecologia e Biodiversidade da Universidade Andrés Bello.
Atualmente, os pinguins de Humboldt não superam os 50 mil exemplares em Chile e Peru. O fenômeno climático El Niño e a ação de pescadores, em cujas redes se emaranham centenas de pinguins a cada ano, são as principais ameaças da espécie.
A corrente de Humboldt, da qual a espécie ganhou o nome, é profunda, de águas frias e está carregada de nutrientes, mas de tempos em tempos recebe água quente, o que altera a alimentação dos pinguins.
“Quando ocorre um evento El Niño, o que acontece é que as águas equatoriais superficiais entram na costa chilena, fazendo com que a corrente de Humboldt baixe em profundidade, ficando a corrente mais quente em cima e fazendo com que a distribuição de alimentos fique mais longe dos pinguins e não ao seu alcance”, explicou à AFP Guillermo Cubillos, chefe da Seção de Manejo e Bem-estar Animal do Zoológico Nacional de Santiago.
Isto faz com que os pinguins demorem mais em encontrar alimento, fundamentalmente anchova. Se o fenômeno ocorre na época de reprodução, muitos ovos ou filhotes morrem de frio e fome, porque seus pais demoram ou inclusive não retornam com alimento. “Mas as aves estão acostumadas a este tipo de choque. No ano seguinte a espécie se recupera. O que está acontecendo hoje é que a pesca está removendo uma quantidade importante de peixes e não alcançam a se recuperar. As coisas se amontoam”, disse Simeone.
E quando os ovos não perecem, são comidos por ratos. Embora os roedores estejam presentes em várias ilhas habitadas por pinguins, em Pájaro Niño o aterro que uniu a ilha à terra firme agravou o problema, ao permitir a estes animais acesso para entrar e sair.
Um estudo feito em 2012 por Simeone demonstrou uma taxa altíssima de depredação por parte dos ratos: “Quase 50% dos ovos desaparecia nas primeiras 12 horas”, explicou. Um programa de reprodução assistida, impulsionada desde 2009 pelo Zoológico Nacional de Santiago já conseguiu reproduzir seis pinguins, uma esperança para esta espécie.
“O programa consiste em resgatar ovos que são abandonados pelos pais em estado silvestre em colônias naturais. Quando são abandonados, os ovos são resgatados dos ninhos e introduzidos em incubadoras até ficarem maduros”, explicou Cubillos.
Fonte: AFP/Terra

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