Os procuradores Alessander Sales e Nilce Cunha, do Ministério Público Federal no Ceará, recomendaram que o Governo do Estado suspenda as obras do Acquario e que o Iphan embargue o empreendimento, caso o governo não paralise a obra. O MPF entrou no caso após ser informado de que o Governo do Estado havia passado por cima das competências do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Apesar da ilegalidade apontada, as fundações da construção já foram iniciadas na semana passada. O equipamento está previsto para ser instalado na Praia de Iracema, um dos bairros mais densos da cidade, e deve ser o “terceiro maior do mundo”, de acordo com a estimativa lúdica da família hoje à frente do Estado – Ivo, irmão de Cid e Ciro, é chefe de gabinete do governador. A partir das decisões do Governo e do Iphan, o MPF deve tomar novas medidas, sendo acompanhado pelo grupo “Quem dera ser um peixe”, uma articulação em rede contrária ao projeto que envolve moradores do bairro, artistas de diversas linguagens, profissionais liberais, ambientalistas, entre outros ativistas.
Empréstimo ilegal
O movimento contrário ao aquário também acusa o governo de tentar contratar um empréstimo junto a um banco internacional sem a autorização do Senado, exigência determinada pela Constituição Federal. Com o projeto orçado em US$ 150 milhões (cerca de R$ 250 milhões), o Governo já via como certo o financiamento do Ex-Im Bank, instituição financeira dos Estados Unidos. Segundo os planos do Governo, o banco financiará 70% (US$ 105 milhões) do valor total da obra. Os 30% restantes serão provenientes do tesouro do Estado.
Movimento reacendeu debate
O projeto do Acquario Ceará tem sido contestado há mais de um mês por um coletivo de ativistas, “Quem dera ser um peixe”, que identificou erros, lacunas e até ilegalidades nos processos de licitação, licenciamento e de financiamento da obra, o que levou o Ministério Público a voltar a abordar o caso.
O resultado foi a realização de uma reunião entre o Iphan, Juçara Peixoto e os procuradores da República, que aconteceu na última terça-feira (20/3). O grupo contesta ainda a inexigibilidade de licitação para a contratação da empresa estadunidense International Concept Management (ICM Reynolds), escolhida pelo Governo para a instalação do equipamento, na Praia de Iracema.
A atuação do grupo nas mídias sociais (@peixuxaacquario, www.facebook.com/contraoaquario e acquarionao.wordpress.com) também levou o Governo a iniciar uma apressada e ainda desorganizada reação, que não tem dado conta das manifestações negativas que têm surgido na rede. Somente a título de exemplo, o grupo dos críticos à obra no Facebook, mesmo sendo “secreto” (invisível ao público e com entrada restrita) tem 230 integrantes, enquanto a página oficial do “Acquário Ceará” conta com apenas 190 curtições, apesar de toda a publicidade governamental nos meios de comunicação comerciais.
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