Dados sobre o tráfico de animais nativos
Desde o seu descobrimento, o Brasil despertou a cobiça mundial sobre a sua fauna e flora. Sua rica e preciosa biodiversidade sempre esteve na mira daqueles que aqui aportaram. Até hoje o país é representado pelo panteão que exalta o verde de suas matas e pelo hino que informa que "nossos bosques tem mais vida e nossos campos tem mais flores". A cada ano porém, os dados apontam um destino menos romântico para os nossos símbolos patrióticos. As matas já não são tantas, e o verde está cada vez mais silencioso.
O processo de desenvolvimento cultural da população brasileira foi singular, possibilitando o encontro de povos conquistadores e povos que mantiam um relação íntima com a natureza e o meio ambiente. Hoje percebem-se traços dessa miscigenação ao observarmos nos grandes centros, ou nos rincões do nosso território, a presença de vários animais silvestres convivendo com o ser humano, numa relação de domínio e admiração.
Aquele olhar estrangeiro de cobiça se perpetua até hoje, todavia ele carrega mais do que simples curiosidade, ele traduz a certeza de que possuímos a maior reserva de biodiversidade do planeta, e que nela estão contidos muitas respostas que ainda não chegaram ao conhecimento humano.
Segundo dados do PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente ( Perfil do Pnuma-1992 ), cerca de cem espécies desaparecem todos os dias da face do planeta, e o comércio ilegal de animais silvestres surge como uma das principais causas dessa tragédia.
Em menos de 500 anos o Brasil já perdeu cerca de 94% ( Veja, Ed. Esp. Amazônia-1997 ) da sua cobertura original de Mata Atlântica, um dos principais ecossistemas do país.
São cada vez mais constantes as incursões nas matas tropicais em busca de animais para fomentar o tráfico nacional e internacional, e manter animais silvestres em cativeiro continua sendo um hábito cultural da população brasileira. Sejam os abastados, que exibem seus animais como troféus à sua vaidade; sejam os miseráveis, que se embrenham na mata em busca de animais que, vendidos, ajudarão a diminuir sua fome, ou sejam ainda os cientistas estrangeiros que buscam na fauna e na flora brasileira uma possibilidade de seus laboratórios faturarem alto com a fabricação de novos medicamentos, o fato é que:
ALGO PRECISA SER FEITO IMEDIATAMENTE PARA CONTER O TRÁFICO DE ANIMAIS SILVESTRES BRASILEIROS.
O tráfico de animais silvestres é o terceiro maior comércio ilegal do mundo, perdendo apenas para o tráfico de drogas e de armas, que segundo os especialistas, hoje se misturam tanto que são encarados como único. Movimenta aproximadamente US$ 10 bilhões ao ano, e o Brasil participa desse mercado com aproximadamente US$ 1 bilhão ao ano. Por ser tratar de uma atividade ilegal e por não existir uma agência centralizadora das ações contra o tráfico no país os dados reais sobre esse comércio ilegal são difíceis de serem calculados.
Fontes governamentais estimam que o tráfico de animais silvestres no país seja o responsável pelo desaparecimento de aproximadamente 12 milhões de espécimes. Em cada 10 animais traficados, apenas 01 chega ao seu destino final, 09 acabam morrendo no momento da captura ou durante o transporte. Todos os animais traficados sofrem no esquema montado pelos traficantes, que incluem práticas como fura-lhes os olhos - para não enxergarem a luz do sol e não cantarem - caso das aves, evitando chamar a atenção da fiscalização, até anestesiá-los para que pareçam dóceis e mansos.
O Brasil além de ter sua biodiversidade ameaçada, perde anualmente uma quantia incalculável e irrecuperável com o tráfico de animais silvestres. Só o mercado mundial de hipertensivos movimenta anualmente cerca de US$ 500 milhões, e o princípio ativo desses medicamentos é retirado de algumas serpentes brasileiras, como a Jararaca ( Bothrops jararaca ), porém o maior fornecedor mundial de venenos ofídicos é a Suíça, que não possui uma única Jararaca em seu território. A cotação internacional dos venenos ofídicos é altíssima, um grama de veneno de Jararaca vale US$ 600,00 e o da Cascavel ( Crotalus ) US$ 1.200,00.
O mercado interno de animais comercializados ilegalmente movimenta muito pouco se comparado ao mercado externo. Os valores alcançados internamente dificilmente ultrapassam a casa dos US$ 200,00 , enquanto no mercado internacional esses mesmos animais atingem facilmente valores na casa de dezenas de milhares de dólares.
O Mico-leão ( Leontopithecus chrysomelas ) é vendido internamente por US$ 180,00 e na Europa é facilmente comercializado por US$ 15.000,00 . O Melro ( Gnorimopsar chopi ) é encontrado nas feiras livres do Sul do país por US$ 150,00 e nos Estados Unidos por US$ 13.000,00.
Recentemente foi descoberto em sapos amazônicos uma substância 247 vezes mais potente do que a morfina, algo que pode mudar todas as formas de tratamento com anestésicos no mundo. E o Brasil ganhará com isso, apenas mais um nome para colocar em sua lista de espécies ameaçadas de extinção.
O tráfico interno é desorganizado e feito principalmente por caminhoneiros e motoristas de ônibus, de empresas que fazem vista grossa para a atividade. Já o comércio internacional é sofisticado, incluindo esquemas, subornos e condescendência de funcionários de empresas aéreas.
A maioria dos animais silvestres brasileiros comercializados ilegalmente provem das regiões Norte e Nordeste do país. De lá são escoados para a região Sul e Sudeste, utilizando-se as rodovias federais. Os principais pontos de destino desses animais são os Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, onde são vendidos em feiras livres ou exportados através dos principais portos ou aeroportos dessas regiões. Nos Estados Nordestinos é comum a presença de pessoas pobres nas margens das rodovias comercializando esses animais, como forma de garantir seu sustento. São pessoas aliciadas pelos grandes traficantes, que exploram sua miséria e oferecem alguns trocados para fazerem a captura dos animais nas matas.
O destino internacional desses animais são a Europa, Ásia e América do Norte, onde chegam para engordar coleções particulares, para serem vendidos em Pet Shop´s ou comporem o plantel de zoológicos, universidades, centros de pesquisa e multinacionais da indústria química e farmacêutica. Também é grande o número de animais silvestres exportados pelas fronteiras com os países vizinhos, como Uruguai, Paraguai e Argentina, onde esses animais recebem documentação falsa para seguirem seu caminho.
Vez ou outra a população mundial se vê alarmada com notícias de que mais uma peste, até então desconhecida, está matando milhares de pessoas em vários pontos do planeta. Recentemente foi o vírus Ebola, que provocou grandes perdas ao Zaire. Mas o ataque desses vírus não é privilégio apenas de países pobres e subdesenvolvidos, grandes nações já padeceram com novas e inexplicáveis moléstias, como a Alemanha (vírus Marburg) e os EUA (doença dos legionários e recentemente surpreendido com a presença do vírus Ebola perto de Washington).
As florestas tropicais são um grande reservatório de microorganismos desconhecidos, que podem provocar sérios problemas de saúde pública, como aconteceu no Brasil durante a construção da estrada Transamazônica, onde morreram centenas de operários, vítimas de febres hemorrágicas desconhecidas, e mais recentemente no Estado de São Paulo, mais precisamente na região de Cotia, quando faleceram seis membros de uma mesma família, vítimas do ataque de um vírus desconhecido, que recebeu o nome de Sabiá, e que hoje encontra-se em fase de pesquisa pelo Centro de Controle de Doenças, em Atlanta - EUA, um dos poucos laboratórios no mundo capacitados para lidar com vírus de nível 4, de altíssimo risco de contaminação e transmissão.
A principal fonte de contágio de seres humanos por esses vírus se dá por meio do contato com animais silvestres, que através das suas fezes e urina o transmitem. Alguns desses animais podem tornar-se agressivos e por meio de mordedura, transmitirem também doenças conhecidas, porém não menos letais ou perigosas, como a raiva, a leschimaniose, entre outras.
fonte:sefloral.
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sábado, 31 de março de 2012
Tráfico de Animais - Fauna
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