Amostras de sangue dos animais revelaram que a música clássica pareceu tornar a rejeição do órgão mais lenta acalmando o sistema imunológico.
Rio de Janeiro - Música clássica faz bem para a alma e talvez para o coração também. Camundongos que receberam um transplante do órgão sobreviveram o dobro do tempo, conforme ouviam música clássica em vez de música pop após a cirurgia.
Masateru Uchiyama, do Hospital Universitário Juntendo, em Tóquio, no Japão, deu a camundongos transplantes de coração de um doador não relacionado, o que fez com que os cientistas esperassem que os organismos dos animais rejeitassem o órgão. Por uma semana após a cirurgia, os animais ouviram continuamente músicas como La Traviata, ópera de Giuseppe Verdi; uma seleção de concertos de Mozart; músicas de Enya; e uma gama de solos pop.
Camundongos expostos às óperas se saíram melhor - sobreviveram uma média de 26 dias, com aqueles que ouviram Mozart logo atrás, com 20 dias. Os que escutaram Enya sobreviveram por 11 dias e o último grupo, apenas sete dias. A equipe testou os efeitos de La Traviata em camundongos surdos também. Eles conseguiram viver apenas sete dias, reforçando a probabilidade de que ouvir música, em vez de outros fatores, como sentir as vibrações das mesmas, faz a diferença.
Amostras de sangue dos animais revelaram que a música clássica pareceu tornar a rejeição do órgão mais lenta acalmando o sistema imunológico. Os camundongos tinham menores concentrações de interleucina-2 e interferon gama, dois dos quais promovem inflamação - e níveis maiores de substâncias que minimizam a inflamação, como interleucinas 4 e 10. A pesquisa foi publicada no “Journal of Cardiothoracic Surgery”.
- Nós não sabemos o mecanismo exato mas a harmonia de Verdi e Mozart pode ser importante - disse Uchiyama ao site da "New Scientist".
A equipe agora quer testar se o fenômeno pode ser usado para ajudar a melhorar o sucesso dos transplantes em pessoas. Uma pesquisa em 2003 descobriu que a terapia com música combinada com imagens relaxantes pode influenciar a dor e a sensação de náusea em pessoas após um transplante de medula óssea.
John Sloboda, professor de psicologia na Universidade de Keele, é cético sobre os efeitos:
- Eu acho perigoso creditar este efeito a uma ópera ou a Mozart baseado na exposição a uma peça de cada gênero. O efeito pode ser totalmente específico a esta peça, ou mesmo à gravação, tocada a um volume específico, então não sabemos nada sobre quais características dessas peças podem ter causado a resposta imunossupressora.
d24am
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