domingo, 3 de junho de 2012

'Comecei desde pequena', diz advogada que cuida de animais no CE

Liana resgata e ajuda a tratar bichos abandonados nas ruas de Fortaleza.
Nas redes sociais, ela busca mobilizar mais pessoas para a causa.


 
 
A advogada Liana Mara, 30 anos, bem que podia dizer que já tem uma rotina atribulada, mas o amor pelos animais  fez com que se dedicasse a mais uma tarefa: há cerca de seis meses, criou um grupo para resgatar e tratar bichos doentes e abandonados nas ruas de Fortaleza. ''É uma experiência muito válida, que completa a formação humana de uma pessoa. E sempre dá. Aquele pedacinho do dia que você chega do trabalho, descansa, às vezes assistindo à TV, dá para você fazer a diferença", diz.
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Como os alertas sobre animais em perigo surgem através das redes sociais, Liana monitora a internet durante o dia todo. Depois de seu expediente no Fórum Clóvis Beviláqua, ela passa cerca de quatro horas no período da noite fazendo a contabilidade do que foi gasto pelo grupo nos tratamentos dos animais e presta contas, pela web, aos demais participantes. Mas não reclama. "Com a chegada do trabalho social, eu vi que meu dia conseguiu ser maior e ficar mais organizado", avalia.
Para ela, o voluntariado dá "pilares" para uma maior qualidade de vida. "Você se sente mais útil, feliz, em paz". A advogada diz ser gratificante o reconhecimento pelo trabalho. "É emocionante quando as pessoas chegam para você e dizem: "Ai, Liana, não sei como você consegue'".
Até chegar aqui
O gosto pela atividade que hoje exerce como voluntária começou cedo. "Quando eu tinha 8 anos, recolhia todos os animais de rua, trazia os gatos. Com essa idade, eu estava no meu aniversário e eu pedi de presente que se acabasse o sofrimento dos animais. Aí, todo mundo riu de mim, achava que fosse brincadeira", conta.

Mas, até chegar ao ponto da organização que tem hoje, Liana recorda que sofreu muito por conta dessa dedicação aos bichos. Na infância, a mãe a proibiu de levar animais para casa. "A última vez que eu me lembro de ter levado um sermão foi quando eu resgatei um gatinho e eu disse 'mamãe, se eu apanhar, eu posso ficar com ele?'".  A partir daquele dia, recorda Liana, a família passou a ver sua dedicação de uma maneira diferente. "Todo mundo começou a me aceitar e eu comecei a desenvolver o trabalho desde pequena". No entanto ela afirma que só teve condições de criar o próprio grupo após se estabilizar profissional e financeiramente.
Rotina
No voluntariado, a advogada toma para si uma responsabilidade paralela a sua atividade profissional, à vida pessoal e social. E, embora, defenda que trabalho voluntário não é lazer, Liana afirma que acrescenta satisfação ao seu dia. "Só veio a acrescentar. Porque antes do trabalho social, a gente pensa assim: 'eu trabalho, eu tenho meu lazer, à noite eu assisto à televisão'", afirma.
Para manter a rotina puxada, Liana explica que é preciso muita dedicação e disciplina: ela acorda cedo, toma café da manhã na casa da mãe, onde visita os dois cachorros e passa a manhã e a tarde no fórum, onde realiza o trabalho assalariado, como costuma dizer. "Ainda consigo organizar minha vida pessoal, consigo organizar meu casamento, eu vou casar agora", comemora. À noite, é hora de dar atenção ao grupo, sem, no entanto, se desligar dele durante todo o dia, por meio das redes sociais.
Reuniões via FacebookO Vakinha Permanente tem atualmente 238 integrantes que se relacionam, trocam informações e tomam as decisões.  O trabalho tem base nas redes sociais. Mas o tratamento é feito num pet shop. "Um dos pilares do Vakinha Permanente é o trabalho dela. É o trabalho social dela. Ela faz a um preço de custo", diz a advogada sobre a veterinária Ana Karinne Paiva, de 30 anos, dona do pet shop.
O local serve de base para as ações do grupo, que não tem uma sede. "A gente, às vezes, resgata animal à meia-noite, no domingo, de madrugada, traz para cá. Sem ela, a gente não poderia nem ter criado o grupo. Não é todo veterinário que abre a clínica, com todos os seus cachorros de raça, particulares, para trazer um animal moribundo", diz Liana.
Além disso, cada integrante do grupo contribui mensalmente com R$ 10, para ajudar no custeio do tratamento dos animais. "Mas os membros sempre contribuem com mais. A gente escolhe por mês os animais que mais precisam de tratamento. Faz uma votação no mural do Facebook e traz esses animais para tratamento". A pesquisa desses animais é feita nas ruas mesmo e cada voluntário ou amigo avisa ao grupo, que então se reúne virtualmente.
Entre as pessoas que estão no grupo e os amigos, alguém recebe o animal, enquanto ele está sendo tratado. De acordo com a dona da clínica, a veterinária Ana Karinne Paiva, 30 anos, são atendidos em média 10 animais por mês em sua clínica. Enquanto os animais estão internados, o Vakinha Permanente procura novos voluntários que possam adotar obichinho recém-tratado.
fonte: /g1.globo

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