Meio Ambiente
Imagem mostra localidade de Conguimi, na Amazônia equatoriana
Na localidade de Conguimi, no meio da Amazônia equatoriana, afloram enormes tanques com água prateada que está contaminada do mercúrio usado por mineiros ilegais para limpar o ouro. O dilema entre o desejo de extrair as enormes riquezas do subsolo e a possibilidade de destruir florestas e serras está presente em todos os países andinos.
Águas sujas similares às de Conguimi estão presentes em outras áreas deste país, onde até agora só se extraíam minerais em pequena escala. A situação mudou com a assinatura de um acordo com a empresa chinesa Ecuacorriente para uma grande exploração de cobre ao ar livre durante os próximos 25 anos.
Esse convênio provocou a reação dos movimentos indígenas e sociais, que temem o efeito ambiental desse projeto e de outras quatro minas que logo receberão suas concessões do governo, que garante que serão utilizadas tecnologias para minimizar o impacto ecológico.
Porém, o dilema entre o desejo de extrair as enormes riquezas do subsolo e a possibilidade de destruir florestas e serras está presente em todos os países andinos.
Apenas no Equador existem US$ 190 bilhões em cobre embaixo da terra e US$ 70 bilhões em ouro, segundo cálculos de William Sacher, especialista na área.
Enquanto isso, a empresa estatal chilena Codelco, a maior produtora de cobre do mundo, estima que serão investidos US$ 78 bilhões no Chile e outros US$ 63 bilhões no Peru na extração desse mineral nos próximos dez anos.
No Peru, o segundo maior produtor de cobre e zinco, o último projeto controvertido, denominado Conga, está nas mãos da mineradora Yanacocha, que pretende investir US$ 4,8 bilhões para esvaziar quatro lagos da região andina de Cajamarca, dois para extrair ouro e os outros para guardar os resíduos.
A população local protagonizou enormes passeatas, por considerar que este projeto ocasionará danos irreversíveis às reservas de água da região.
Segundo o professor da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), Ivan Nárvaez, os indígenas sugerem um modelo econômico diferente do atual sistema extrativista predominante na América Latina.
"Propõem uma mudança das relações dos seres humanos com a natureza, de modo que se conserve o entorno natural e as comunidades administrem seus próprios territórios e recursos como a água, o solo e a biodiversidade", detalhou.
Minas e locais sagrados
No Equador, o movimento contra os planos mineiros e petroleiros do governo concretizou-se em uma passeata de duas semanas em março, que começou na província amazônica de Zamora Chinchipe, cruzou cerca de 700 quilômetros, alguns trechos a pé e outros em carros, até chegar a Quito, onde reuniu mais de 15 mil pessoas, enquanto o Executivo também reuniu milhares de equatorianos em apoio à sua gestão.
Salvador Quishpe, governador de Zamora Chinchipe e de etnia saraguro, disse que a concessão para a Ecuacorriente está localizada na Cordilheira do Condor, "um local sagrado" para seu povo e uma "área única no Equador e no mundo" por sua rica biodiversidade.
"O governo deixa o caminho aberto para que as empresas façam o que queiram com nossos recursos", lamentou Quishpe, um dos líderes da passeata.
msn
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