terça-feira, 1 de maio de 2012

Planeta pressionado por excesso de consumo e população Novo relatório da Royal Society de Londres foi apresentado ontem





Novo relatório da Royal Society de Londres foi apresentado ontem





África é o maior desafio: a população aumentará 2 mil milhões de habitantes durante este século, diz Ekliya Zulu



Os altos níveis de consumo dos países industrializados e o excesso de população em países em desenvolvimento são dois dos principais problemas referidos no relatório «People and the Planet»,publicado ontem pela Royal Society de Londres.

Dirigida pelo biólogo John Sulston (Nobel de Fisiologia/Medicina em 2002), uma equipa de 22 cientistas estudou a ligação entre a população global e o consumo e as suas implicações num planeta com recursos limitados.
Paul Nurse, presidente da Royal Society (e também Nobel de Fisiologia/Medicina em 2001), afirma, no prefácio do relatório final, que as “rápidas e globais alterações na população humana juntamente com nível sem precedentes de consumo promoveram mudanças profundas na saúde humana, no bem-estar e no meio ambiente”.
A combinação desses factores tem “consequências a longo prazo para o planeta”, que é limitado nos seus recursos. Esse impacto, que está a sentir-se nas gerações actuais e vai continuar a sentir-se nas futuras, levanta muitas preocupações “e desafia-nos a considerar a relação entre população e planeta”.
Durante quase dois anos, os investigadores estudaram a fundo as actuais tendências sociais, económicas e ambientais para tentar perceber que futuro espera a humanidade nos próximos 100 anos.
O relatório alerta para a pressão de crescimento da população que ano passado atingiu os sete mil milhões de habitantes. Em meados deste século, haverá mais 2300 milhões novos habitantes (o actual número de habitantes da China e da Índia juntas).


É vital que os países em desenvolvimento controlem a sua população, sendo também necessária uma melhor distribuição de riqueza”. O maior desafio vai ser África, “onde a população aumentará 2 mil milhões durante o século XXI”, diz Ekliya Zulu.
Para isso é necessário promover a saúde reprodutiva e programas voluntários de planeamento familiar. Quando o crescimento populacional desacelera, “as mulheres ganham mais poder e isso significa mais dinheiro para os que menos têm e mais oportunidades de educação”.
Para que a vida no planeta seja sustentável será também necessário que “os países desenvolvidos moderem o consumo e tomem medidas drásticas para diminuir as emissões de CO2”, diz o investigador Jules Pretty. É também necessário “tirar da pobreza 1300 milhões de pessoas que vivem com menos de 1,25 dólares por dia”.
Outro ponto essencial do relatório afirma que “população e meio ambiente não podem ser vistos como assuntos separados. As alterações demográficas e tudo o que estas envolvem devem ser alvo de discussão económica e ambiental”. Os investigadores sugerem ainda que desenvolvam novos sistemas sócio-económicos.
«Fornecer orientações aos decisores»
Este relatório, diz Paul Nurse, não é uma declaração definitiva sobre estes temas, mas uma visão geral dos impactos da população humana e do consumo no planeta. Levanta questões sobre a melhor forma de aproveitar as oportunidades que as mudanças na população podem trazer e como evitar os impactos mais negativos.
O objectivo do estudo é fornecer orientações para os decisores e informar o público interessado com base numa avaliação pragmática com os melhores dados disponíveis. O âmbito do estudo foi global e reconhece explicitamente variações regionais na dinâmica populacional e na desigualdade dos padrões de consumo à volta do mundo.
.cienciahoje.

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