quarta-feira, 11 de abril de 2012

Orangotangos de Sumatra estão sem floresta para fugir de incêndios e explorações de óleo



Dos 60.000 hectares de floresta de Tripa originais existiam menos de 13.000 hectares em Dezembro de 2011 (Foto: Romeo Gacad/AFP)












Os primeiros dez dias de Abril trouxeram menos fogos à floresta de Samatra mas pouco alívio para os orangotangos que aí vivem. Estes primatas, dos mais ameaçados do planeta, estão a ficar sem floresta para fugir dos incêndios que lavram há semanas e das explorações de óleo de palma.
“Felizmente têm havido muito menos incêndios nestes primeiros dez dias de Abril” na floresta de Tripa, disse hoje ao Público Ian Singleton, director de conservação do Programa para a Conservação do Orangotango de Samatra.
No final de Março, a organização alertou que três companhias de produção de óleo de palma estavam a atear, todos os dias, dezenas de incêndios na floresta de Tripa, em Samatra, para preparar a terra para a exploração. “Estamos extremamente preocupados. Se o ritmo atual de destruição continuar, não haverá floresta nem orangotango de Samatra, espécie classificada como Criticamente Ameaçada de Extinção, nem quaisquer outras espécies selvagens protegidas no final de 2012”, escreveu em comunicado a 27 de Março.
Agora, a vaga de incêndios parece estar a abrandar. “Tem chovido com regularidade e, normalmente, os incêndios que são ateados de dia extinguem-se durante a noite”, acrescentou Ian Singleton.
Além disso, o responsável acredita que as companhias de produção de óleo de palma poderão ter suspendido os fogos. “A questão da sobrevivência dos orangotangos despertou muito interesse nos media. Talvez seja por isso.” Mas o que Ian Singleton não sabe é quanto tempo isso vai durar.
Os orangotangos fogem dos incêndios se tiverem floresta onde se refugiar. Segundo imagens de satélite de 26 de Dezembro de 2011, dos 60.000 hectares de floresta de Tripa originais existiam menos de 13.000 hectares; só entre 2009 e 2011 foram completamente destruídos 5000 e estima-se que tenham morrido 100 orangotangos.
“É muito provável que muitos animais tenham morrido nos últimos seis meses, por causa da destruição da floresta, especialmente os animais que tenham ficado em árvores isoladas pelas chamas. Ainda assim, muitos terão fugido, o que está a aumentar a concentração de animais nas florestas que ainda existem. Nesses locais, a competição por alimentos é cada vez maior”, disse o responsável.
A vida destes primatas é dificultada ainda por quem está no terreno. “Alguns dos animais estão a ser abatidos ou capturados pelos funcionários das companhias.” De momento não se sabe ao certo quantos animais morreram.
A indústria do óleo de palma expandiu-se na Indonésia que é agora o país que mais produz e exporta este produto alimentar também utilizado como biodiesel.
Desde 2011 está em vigor na Indonésia uma moratória de dois anos que suspendeu todas as licenças para limpar a floresta. A decisão fez parte de um contrato com a Noruega de mil milhões de dólares (752 milhões de euros) para reduzir o dióxido de carbono emitido nos încêndios.
Mas nem sempre tem sido cumprida. A última concessão para exploração foi dada em Agosto de 2011 à empresa PT Kallista Alam, por Irwandi Yusuf, antigo governador de Aceh. Este justificou a decisão com a intenção de chamar a atenção para a negligência dada às políticas de combate às alterações climáticas. Para a organização, foi uma irresponsabilidade e levou o caso a tribunal. No início do mês, o tribunal decidiu não se pronunciar. Irwwandi Yusuf admitiu mais tarde que a decisão foi “moralmente errada”.
Fonte: Ecosfera


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