sexta-feira, 13 de abril de 2012

Animais afetam o emocional das crianças



Nova York - Pesquisadores estão avaliando diversas questões relacionadas ao desenvolvimento normal das crianças, à obesidade infantil, a crianças traumatizadas e ao autismo.
A pesquisa ainda é limitada, mas as questões se tornam cada vez mais interessantes à medida que os cientistas trazem mais rigor ao estudo dos efeitos psicológicos e emocionais da posse de animais de estimação, além das preocupações pediátricas de sempre, como alergias, mordidas e infecções.
"Existem evidências de que algumas crianças parecem se beneficiar com seu relacionamento com esses animais", afirmou James Serpell, diretor do Centro de Interação entre Animais e a Sociedade, na Universidade da Pensilvânia. "Todos parecem conhecer aquele mecanismo."
Muitas famílias adquirem animais de estimação principalmente pelo bem das crianças, afirmou Alan Beck, diretor do Centro de Relacionamento entre Humanos e Animais na Universidade de Purdue. "Por que as pessoas têm um animal? Na maior parte, porque elas acreditam que isso é bom para as crianças - e, até certo ponto, isso parece ser verdade."
A propósito, há uma convicção comum que afirma que conviver com um animal de estimação ensina habilidades que as crianças podem utilizar em suas interações sociais com outros humanos.
"A crença é que talvez as crianças que possuem animais aprendam de maneira inconsciente a se comunicar de forma não verbal", afirmou Beck.
Gail F. Melson, professora emérita de desenvolvimento humano e estudos familiares em Purdue, alerta que a noção de causa e consequência pode caminhar na direção contrária. É provável que crianças com maiores habilidades empáticas tenham mais chances de desenvolver relacionamentos com animais.
A esperança de que as crianças possam aprender a ter empatia e adquirir habilidades de comunicação com os animais levou a uma especulação sobre o papel dos animais de estimação na vida de pessoas autistas. Algumas crianças que têm dificuldades com interações sociais humanas são capazes de criar laços profundos com animais.
"Há evidências, embora não sejam científicas, que apontam para o fato de que trazer um cachorro para essas casas tem um efeito dramático sobre o comportamento das crianças", afirmou Serpell.
Outros especialistas estão tentando analisar objetivamente a prática crescente de utilizar cachorros para acalmar ou reconfortar crianças em situações estressantes, normalmente médicas ou legais.
A Universidade do Missouri começou um ensaio clínico randomizado financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde e realizado com crianças que passaram por entrevistas forenses sobre abuso infantil; algumas delas são apresentadas a um cão de serviço durante suas entrevistas e, em seguida, são avaliados alguns indicadores psicológicos de stress.
"Muitas cidades e municípios estão utilizando cães de serviço em suas varas da infância e da juventude", afirmou. "Eu realmente gostaria de identificar se esse é ou não um fator redutor de stress."
Com tantas crianças lutando contra a obesidade, o passeio com o cachorro está sendo investigado como uma estratégia para aumentar os exercícios entre as crianças - em conformidade com alguns estudos que já demonstraram que isso ocorre entre os adultos. "Para as crianças, passear com um cachorro é uma atividade física altamente motivacional", afirmou Johnson.
Essa é uma grande mudança em relação às escassas discussões sobre animais de estimação entre os pesquisadores de pediatria, que, antigamente, tendiam a se focar nos riscos. Um artigo publicado no jornal de pediatria de 1965, "Pets, Parasites, and Pediatrics" (Animais de estimação, vermes e pediatria, em tradução literal), afirmava que "40 infecções relativamente frequentes neste país" poderiam ser causadas por animais".
E os conselhos dados pelos médicos poderiam ser baseados em preconceitos pessoais, não em evidências. Por exemplo, em um estudo feito em 1980 por alergistas que não possuíam animais de estimação, esses médicos tinham mais chances de dizer às famílias de crianças alérgicas que elas deveriam se livrar de seus animais.
Descobriu-se que a conexão entre animais e alergias é especialmente complexa. Muitos estudos atualmente sugerem que a exposição precoce a animais pode ajudar o sistema imunológico. Uma recente revisão da literatura, que examinou um grande número de estudos, encontrou evidências de que crianças sem histórico familiar de alergia e que foram expostas a cães quando estavam no período perinatal eram menos propensas a desenvolver alergias.
Os animais afetam um grande número de crianças e de diversas maneiras - sistema imunológico, desenvolvimento de habilidades sociais, prática de exercícios e circunstâncias familiares. Os efeitos podem ser positivos, mas também é verdade que as famílias que escolhem incluir um animal de estimação em suas casas acreditam ter ao menos uma pequena margem de conforto em sua renda, em seu espaço vital e principalmente - ao menos quando eu observo minhas próprias deficiências - na organização e na estrutura familiar.
A evidência mais forte da importância dos animais, afirmou Melson, vem das próprias crianças, que frequentemente citam os animais como fonte de apoio emocional. "O animal está à disposição quando você chega em casa depois da escola", prosseguiu. "Algumas espécies darão ao menos a ilusão de uma aceitação incondicional - caso você saiba lidar com elas."
Ao mesmo tempo, os pesquisadores invocam uma série de efeitos menos quantificáveis, mas igualmente importantes. Crescer com um animal de estimação "dá à criança uma noção muito maior de si mesmo", afirmou Serpell. "Eu acredito que isso tem implicações sobre o relacionamento das pessoas com os outros seres vivos do planeta."
info.abril.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

verdade na expressão