quinta-feira, 26 de janeiro de 2012


Mais de mil espécies amazônicas

Expedição científica da Conservation International acredita que 46 delas são novas para a ciência


Uma expedição científica ao Suriname, realizada pela organização Conservation International, documentou 1.300 espécies, incluindo 46 que podem ser novas para a ciência. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (25). Entre as possíveis descobertas está um pequeno sapo apelidado de "cowboy", oito peixes de água doce e dúzias de novos insetos.  


As espécies foram encontradas em três áreas remotas do Suriname, visitadas durante três semanas, entre agosto e setembro de 2010. O objetivo era documentar a biodiversidade da região, pouco conhecida pela ciência, e ajudar a desenvolver projetos sustentáveis que promovam oportunidades econômicas para a população local, como ecoturismo.  
"Nossa equipe teve o privilégio de esporar uma das últimas áreas de selva vasta e inexplorada ainda remanescentes no mundo. Como cientista, foi emocionante estudar essas áreas remotas de florestas, onde inúmeras novas descobertas de espécies nos aguardam", disse Trond Larsen, coordenador da expedição, em material de divulgação.  
Ela faz parte do Programa de Avaliação Rápida da Conversation International, que realiza viagens científicas a áreas remotas, pouco exploradas e ameaçadas, para catalogação de espécies. Em mais de duas décadas de expedições, foram descobertas mais de mil espécies desconhecidas pela ciência.
Algumas das novas espécies:
“Perereca-de-capacete” – A Hypsiboas sp. tem franjas brancas ao longo das pernas e uma espora no “calcanhar”. Ela foi descoberta na parte de baixo de um pequeno galho durante uma pesquisa noturna em uma área pantanosa do rio Koetari. A principal característica que diferencia da perereca Hypsiboas calcaratusé a ausência das faixas pretas e brancas laterais.
Cascudo titânico” – O Pseudacanthicus sp. é um peixe cujo casco (placas ósseas externas) é recoberto de espinhos para se defender das piranhas gigantes que habitam as mesmas águas. O interessante é que um dos guias locais da expedição estava prestes a comê-lo como petisco até que os cientistas observaram as características únicas e o preservaram como espécime. São poucos os espécimes de Pseudacanthicus conhecidos do Suriname, e esse é o primeiro encontrado no rio Sipaliwini.
“Cigarra arco-íris” – A Vestria sp. é conhecida como cigarra arco-íris por sua coloração espetacular. São poucas as cigarras conhecidas que empregam defesas químicas eficazes para repelir pássaros e predadores mamíferos.
Iniciativa de destaque da Conservação Internacional desde 1990, as pesquisas “RAP” fazem uma rápida avaliação da biodiversidade de uma área para determinar a conservação e o desenvolvimento sustentável, muitas vezes identificando espécies em regiões remotas e pouco exploradas.
Apesar de a descoberta de novas espécies ser um desfecho incrível dessas pesquisas, os cientistas da RAP também observaram diversas outras espécies fascinantes, muitas delas encontradas somente no Suriname ou que representam registros inteiramente novos para a região.
Algumas das espécies encontradas:   
·         “Sapo-untanha” – O Ceratophrys cornuta é um voraz predador que, sentado, aguarda suas presas. Com sua boca excepcionalmente larga, ele pode engolir uma presa quase tão grande quanto seu corpo, inclusive pássaros, camundongos e outros sapos. Uma pesquisadora, que usava colar com transmissor para rastrear pássaros, encontrou seu animal de estudo (e o colar) na barriga desse sapo!




·         “Cigarra da cabeça cônica” – A Loboscelis bacatus era conhecida somente na Amazônia peruana. A cigarra tem uma coloração verde e rosa fluorescente. O avistamento no sul do Suriname aumenta significativamente sua extensão conhecida. Ela é predadora de insetos e caracóis e se alimenta de sementes e frutas.
·        “Besouro copro-necrófago” – O Coprophanaeus lancifer é um grande besouro de estrume, do tamanho de uma tangerina, que pesa mais de 6 gramas. Ele é azul e roxo metálico. A espécie é altamente incomum, pois tanto machos quanto fêmeas possuem longos chifres na cabeça, usados como armas durante disputas de uns contra os outros.



eptv



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