Devastação por trás do consumo
Segundo alguns cientistas, está havendo uma “MacDonaldização” do mundo em ritmo cada vez mais acelerado. Não é só pelo fato das batatas fritas e hambúrgueres poderem ser encontrados em qualquer país; de acordo com Anthony Barnosky, um paleobiólogo da Universidade da Califórnia, em Berkeley, uma “McDonaldização da natureza” está acontecendo agora. As informações são da Care2.
Embora, como diz uma reportagem da BBC, a extinção seja “realmente um fenômeno natural e comum”, pois cerca de 99 por cento de 4 bilhões de espécies que evoluíram na Terra já se foram, Barnofsky enfatiza que a extinção causada por humanos está acontecendo em um ritmo mil vezes mais acelerado que o natural.
Estamos testemunhando uma sexta extinção em massa?
Barnosky prevê que, dentro de apenas 300 anos, 75 por cento de todas as espécies de mamíferos terão desaparecido, e que a sexta extinção em massa pode realmente acontecer agora em nossa era, a “Era do Antropocentrismo”.
Diversos tipos de animais estão desaparecendo, e assim “linhas inteiras de filos”. A biodiversidade de plantas e animais está diminuindo rapidamente, porque os seres humanos têm feito “aumentar artificialmente as populações de certas espécies selecionadas, como vacas, cães, arroz, milho e galinhas”. A humanidade faz isso mediante a criação de novas variedades genéticas que são “radicalmente diferentes de seus ancestrais selvagens”, segundo Barnosky.
Os seres humanos têm orquestrado migrações de espécies entre continentes deliberadamente ou acidentalmente, o que deixou uma marca no planeta. Algumas espécies, incluindo ratos, cabras, trigo e eucalipto são encontradas em todo o mundo, enquanto muitas outras se tornaram raras ou desapareceram. Muitas espécies introduzidas são invasivas – ou “ervas daninhas” – que foram competir os nativos por luz, alimentação e habitat, e algumas espécies invasivas acabam consumindo outras espécies até a extinção.
Como Barnofsky diz, há 10.000 anos atrás, o peso combinado de seres humanos e animais domesticados correspondia a 1 por cento do total da superfície da Terra. Hoje, em contrapartida, o peso dos seres humanos e animais domésticos “supera o peso de todos os animais selvagens do planeta por uma taxa de 95 contra 5″.
Muitas espécies evoluíram para viver em certos ambientes e muitas estão vendo agora os habitats ameaçados, em nome do desenvolvimento econômico. Outras razões para a extinção são a introdução (ou melhor, às vezes, a invasão) de espécies não-nativas, a poluição e as mudanças climáticas. A caça e o mercado negro global de animais exóticos e em extinção também estão cobrando um pedágio enorme.
Cientistas sugerem que a Austrália “importe” elefantes
Com tudo isso em conta, alguns conservacionistas afirmam que, em vez de procurar restaurar um “estado pré-humano” para os ecossistemas, temos de aceitar que os seres humanos agora são, para o melhor ou para o pior, “parte integrante” dos ecossistemas. Em conformidade com esta idéia, segundo os paleontologistas. devemos “aceitar que ecossistemas integrem espécies não-nativas, e avaliá-los e tentar conservá-los como ‘novos’ ecossistemas que precisam ser protegidos”.
Por exemplo, em Galápagos, amoreiras introduzidas a partir do Himalaia estão sendo mantidas sob controle, mas estão sendo feitos esforços para remover espécies invasoras, como ratos e cabras, que competem com tartarugas raras na busca por alimentos. Para adicionar biodiversidade “às vastas monoculturas que criamos através da agricultura”, as pessoas também estão buscando tanto restaurar o ecossistema nativo quanto introduzir plantas não-nativas e animais.
Na Austrália, os cientistas estão considerando a introdução de elefantes ou outros herbívoros de grande porte para controlar os incêndios que ocorrem na “gamba grass” (espécie de vegetação na qual o fogo se alastra rapidamente), e também estudam reintegrar dingos (um tipo de lobo) para controlar as populações de raposas e gatos selvagens.
Tais propostas foram recebidas com dúvidas e ceticismo, e as respostas e argumentos foram de que seria melhor “deixar os ecossistemas como estão”. A reportagem da BBC, por outro lado, defende que “não somos mais apenas uma outra parte do mundo natural, somos jardineiros do planeta e, portanto, cabe a nós desenvolver as nossas habilidades de organizar e nutrir esse ambiente”. Nesse sentido, de forma irônica e ate com certo mau gosto, alguns cientistas dizem que devemos criar um “cardápio” para as espécies que seja diferente “da monotonia do cardápio do McDonalds”.
Tudo está interligado. Da derrubada de árvores para construir pastagens para o gado que será abatido para a alimentação humana, ao desmatamento para construção de rodovias ou áreas urbanas que deixam os animais nativos sem moradia e sem alimento, até a extrema produção de descartáveis e embalagens para alimentos industrializados e redes de fast food , que depois se tornarão lixo que por sua vez ocupará mais espaço que poderia ser destinado a seres vivos, enfim, todo o movimento da sociedade contemporânea parece estar levando à degradação.
De qualquer forma, até que ponto deve haver a intervenção do homem no meio ambiente agora, após e durante a promoção de tanta destruição, não deixa de ser uma questão polêmica e complexa. Se a humanidade parar de destruir habitats naturais e ecossistemas, limitar a urbanização, cessar a caça de animais em busca de presas, carne, pele ou meramente por “prazer de matar”, e começar uma nova ordem mundial na qual as pessoas deixem de consumir carne, talvez os problemas de destruição acelerada sejam estancados. Essa parece ser uma proposta mais simples e eficaz, que depende de conscientização do indivíduo e da sociedade, e de muito empenho dos governantes de todo o planeta.
fonte:anda
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