sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Calor em granjas industriais mata cerca de 500 mil galinhas em Bastos (SP)


Granja industrial, onde milhares de galinhas vivem aprisionadas e forçadas a pôr o máximo possível de ovos, em Bastos (SP). Foto: Vivi Zanatta/Agência Estado
Uma mortandade de grandes proporções atingiu as granjas industriais produtoras de ovos no município de Bastos (SP) nos últimos dias. Em torno de 500 mil galinhas poedeiras, que viviam na maioria das 120 granjas da cidade, morrreram por causa do calor que atinge a região. Dentro dessas granjas, a temperatura alcançou 40 graus Celsius e, somada ao aquecimento inesperado da água e à alta concentração de aves por metro quadrado, matou as galinhas. Isso sem falar no excruciante sofrimento pelo qual as sobreviventes passaram.
Bastos é conhecida como a “capital brasileira do ovo” e  forçava as galinhas a produzir, antes da tragédia, 16 milhões de ovos por dia. Possuindo 120 granjas e uma população de cerca de 22 milhões de aves, incluindo frangos e pintinhos, cada granja de lá aprisiona uma média de 183 mil animais.
As preocupações dos pecuaristas, porém, não são a enorme perda de vidas e o sofrimento das galinhas sobreviventes, mas sim o prejuízo econômico e a “necessidade de repor o plantel”. Diz um encarregado de compra e venda de uma cooperativa avícola de Bastos que o prejuízo econômico geral foi de mais de 5 milhões de reais, tanto pela morte das aves como pela queda na produção de ovos. Os produtores estão agora preocupados em comprar pintinhos para repor o “estoque” das galinhas que morreram, e com o impacto que essa perda teve na produção dos ovos.
Ondas de calor podem não ser algo constante na pecuária, mas o tratamento reservado às vítimas dessas ondas e de epidemias é sempre esse: como números de produção, como escravos autômatos, como máquinas cuja “quebra” não representa a perda de vidas, mas sim a não produção de uma quantidade “n” de ovos, litros de leite ou quilos de carne – e, por isso, a perda de receita, de dinheiro.
Os pecuaristas não lamentam o fim precoce da vida de tantos animais e o sofrimento de tantos outros, mas sim os prejuízos econômicos causados pelos eventos de mortandade, tanto pela “perda material” – já que animais para eles são objetos dotados de valor em dinheiro – e pela perda de receita – com a diminuição da produção de alimentos de origem animal – como pela “necessidade” de comprar “novos animais” para repor o que chamam de plantel.
Além disso, fica mais que claro que o calor que se abateu sobre o município de Bastos foi potencializado nas granjas industriais da cidade pelas condições ambientais internas desse tipo de instalação, comumente caracterizado como espaço fechado, dotado de pouco arejamento e alta suscetibilidade a piorar as mudanças de temperatura da região onde está instalado. Além disso, deve-se lembrar da situação das galinhas aprisionadas e exploradas nesse tipo de granja – vivem presas em gaiolas minúsculas, onde não podem sequer bater as asas.
Ao contrário dos avicultores, a ANDA lamenta a tragédia que matou as 500 mil galinhas por terem tido um sofrimento indescritível enquanto a temperatura do ar aumentava mais e mais e morrido de forma muito dolorosa e sem terem tido qualquer chance de ter uma vida de liberdade e autonomia sobre suas próprias vidas e corpos. Também lamenta pelas aves sobreviventes que sofreram indescritivelmente com o calor do ambiente onde são mantidas perpetuamente presas. E lembra que, enquanto a pecuária continuar dando lucro, episódios tristes como esse continuarão acontecendo e representando para os pecuaristas nada mais do que prejuízo financeiro que é esquecido depois de alguns meses.
Lembramos também que é possível as pessoas pararem de financiar esse sistema de escravidão animal, onde os animais não humanos são tratados como mercadorias e máquinas de produção alimentícia, assim como elas podem fazer algo para que isso tenha um fim no mais breve possível. Isso se faz por três maneiras: tornando-se vegano(a); promovendo a educação vegana, dentro ou fora da escola; e participando de ações de mobilização coletiva pelo reconhecimento dos Direitos Animais pela lei.
fonte: anda

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