A ponto de ser despejada, protetora de animais de Capela promove abaixo-assinado para conseguir sede

Anja Protetora' inciou processo para regularizar ONG, mas vai ser despejada de imóvel e por preconceito com os animais não consegue arrumar outro local

Uma ‘petição pública’, esse foi o jeito encontrado pela professora aposentada Taciana Maria Gomes da Silva para sensibilizar autoridades públicas do município de Capela, localizado na Zona da Mata de Alagoas. Taciana é protetora de animais, a única da região, e deve ser despejada em alguns dias juntamente com seus 14 cães e 10 gatos e não tem para onde ir.

Auto denominada “Anja Protetora’, Taciana realiza esse trabalho solidário com animais de rua há mais de seis anos e conta apenas com seu salário de aposentada e ajuda de amigos e colaboradores para manter os seus 24 anos animais. Segundo ela, seu trabalho se resume a recolher animais abandonados pelas ruas, tratá-los e colocar para adoção e também realizar trabalho de conscientização sobre os cuidados com os animais, vacinação e castração.

A criação da ONG de Proteção Animais ‘Anjos da Anja’ já estava encaminhada, mas com o surgimento desse problema, tudo ficou parado.

Arquivo Pessoal

Taciana e seus patudos podem ficar se...

“A ONG estava em processo de registro para ter o CNPJ [Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica] quando aconteceu tudo isso e ficou tudo parado”, disse Taciana. A Anja Protetora se refere ao processo de despejo que estão movendo contra ela e seus ‘patudos’, como são chamados cariosamente os animais pela protetora. “Nem sede provisória em breve teremos”, lamentou ela.

De acordo com Taciana, ela e seus patudos sempre moraram em casa de aluguel, mas sempre encontraram dificuldades em alugar, já que os proprietários desistem ao saber da quantidade de animais que Taciana possui.

“Sempre tenho dificuldade em alugar casa. Tanto que eu passei dois anos em Atalaia por que não consegui casa aqui [em capela]”, explicou a protetora. “Em agosto [2011] apresentei na Câmara [dos Vereadores] daqui o projeto da ONG e a Lei de Proteção Animal e os vereadores e o prefeito disseram que me apoiariam, então voltei pra cá”, disse.

Com a promessa, em outubro de 2011 Taciana conseguiu alugar uma casa em Capela, onde reformou, colocou cerca para os animais e passou a morar com eles em dezembro do mesmo ano.

“Quando aluguei está casa o rapaz que me alugou disse que eu poderia ficar a vontade. Desde que eu pagasse certinho, não haveria problemas por causa dos animais, que ele até gostava deles”, explicou Taciana. 

Arquivo Pessoal

Voltarão as ruas porque aqui protetor...

Contudo, segundo ela, meses depois a filha desse rapaz, afirmando ser a proprietária legítima da casa, pediu o imóvel de volta e em menos de oito dias, mandaram cortar a água e a luz da residência para forçá-la sair.

“Eles me pediram a casa alegando que era por conta de débito. Provei no Ministério Público que eu não tinha débito nenhum com eles. Agora eles alegam uma reforma”, disse a professora. “O rapaz que me alugou, hoje em dia, afirma que não sabia que a casa era para mim, mas ele sabia sim, até participou da construção da cerca. E foi a ele que sempre paguei os alugueis”.

De acordo com a protetora, ela chegou a passar um mês sem água e energia, pois procurou ajuda das autoridades em Capela e nada conseguiu. Segundo Taciana, só após procurar a vereadora Heloísa Helena e ser encaminhada a advogada Adriana Alves, presidente da comissão de bem estar animal da OAB/AL, foi obtido um acordo junto ao Ministério Público.

“A Dra. Adriana interveio junto ao MP aqui e então foi marcada uma audiência de conciliação, porque os animais estavam sendo prejudicados, no escuro e sem água há um mês”, explicou Taciana, afirmando que tinha que comprar água na rua para poder dar banho nos animais e fazer faxina na casa. “O promotor se certificou que não havia débito de minha parte e promoveu um acordo para que eu tivesse mais 60 dias na casa. E que a água e luz fossem religadas imediatamente”, narrou a protetora.

Arquivo Pessoal

Gatinhos de Taciana também ficaram se...

Desde então, a protetora procura outro local para se instalar com seus patudos, mas sempre que os proprietários são avisados sobre a quantidade de animais criados pela protetora, desistem da alugar os imóveis. O prazo estipulado pelo MP acabou no último dia 17. Mas Taciana entrou em acordo com os proprietários da casa para ficar até o final deste mês.

“Por isso estou recorrendo à prefeitura. Até por que me prometeram ajuda, um abrigo pra os animais e depois de quase um ano nada. Estou procurando casa aqui e ninguém me aluga, nas cidades vizinhas também. Meus patudos não podem ficar na rua, eles não sabem se defender e só tem a mim”, disse Taciana. “A petição pública foi uma idéia de uma colaboradora e amiga de São Paulo, Cintia Franttini. Estou tentando mobilizar o maior número de pessoas e depois vou levar esse documento ao prefeito e aos vereadores”.

Conforme a protetora animal, muita pessoas à estão acusando de estar tentando prejudicar a campanha eleitoral em Capela, mas que isso não é verdade. Ela está apenas buscando o melhor para seus patudos e coincidiu de ser em época eleitoral.

“Queria frisar que essa mobilização não é contra ninguém, mas a favor doas animais. Algumas pessoas estão falando que estou prejudicando a campanha, jamais tive está intenção, mas busco ajuda há quase um ano e ela não veio. Aconteceu de eu ser despejada justo nesta época e eu não posso ir pra rua assim e ficar calada e não pedir ajuda”, lamentou a protetora.

Quem quiser assinar a Petição Pública desenvolvida pela Anja Protetora Taciana da Silva, bastaclicar aqui. COLABORE!

Para conhecer uma pouca mais sobre a ONG, clique aqui.

fonte:primeiraedicao