sexta-feira, 8 de junho de 2012

Aves marítimas apresentam contaminação por pesticidas


Pesquisa do Instituto Oceanográfico da USP constatou a presença de material contaminante no tecido adiposo de 103 aves do litoral Sul e Sudeste do Brasil

Albatroz em alto mar. Essas aves apresentam problemas de conservação
São Paulo - Aves oceânicas e migratórias como os albatrozes e petreis (Procellariiformes) apresentaram altos níveis de contaminação por bifenilos policlorados (PCBs) e pesticidas organoclorados, conforme constatou a bióloga Fernanda Imperatrice Colabuono em uma pesquisa realizada no Instituto Oceanográfico (IO) da USP. Em todas as 103 aves coletadas no litoral do Sul e Sudeste do Brasil foi detectada a presença desses contaminantes no tecido adiposo, no fígado e no músculo dos animais.
“Não se sabe ao certo qual os efeitos causados por estes compostos nas populações de albatrozes e petréis. Novos estudos são importantes a fim de averiguar se essa contaminação interfere ou não no organismo destas aves, e se leva a falhas na reprodução, ao aumento da mortalidade, etc”, sugere a pesquisadora. De acordo com a bióloga, a literatura científica mostra que os bifenilos policlorados (PCBs) e os pesticidas organoclorados são substâncias altamente tóxicas que interferem na produção de hormônios, além de serem cancerígenas.
Os bifenilos policlorados (PCBs) deixaram de ser produzidos há algum tempo, mas ainda persistem no meio ambiente, pois não se degradam facilmente e se acumulam nos tecidos. A substância, semelhante a um óleo e resistente a altas temperaturas, era utilizada por indústrias para o resfriamento de máquinas, em transformadores, etc. Seja pelo transporte indevido ou pelo descarte em local inadequado, a substância chegou aos oceanos.
Já os pesticidas organoclorados também tiveram seu uso proibido ou restrito. Mas durante muito tempo eles foram utilizados em lavouras brasileiras. Alguns deles, como o DDT, ainda podem ser usados em casos emergenciais de saúde pública. As chuvas acabam levando essas substâncias até os rios, e de lá, elas chegam aos mares. “Esses poluentes atingem as aves por meio da alimentação, composta, principalmente, por lulas e peixes” explica Fernanda.
Atum e lulas
A ordem dos Procellariiformes inclui duas famílias: a dos albatrozes e a dos petreis. São aves com hábitos semelhantes, mas que diferem por algumas características físicas. Como são oceânicas, dificilmente são avistadas nas praias, pois vivem nos mares. A maioria se reproduz na região Antártica e sub-antártica. “No inverno, muitas espécies migram para a costa brasileira, permanecendo, principalmente, nas regiões Sul e Sudeste. É quando as correntes marítimas do Brasil e das Malvinas se juntam e ocorre uma maior produtividade nas águas. Os albatrozes e petreis migram para o Brasil e para a costa argentina para aproveitar a abundância de lulas e de peixes na região e também pela proximidade com o continente antártico”, descreve.
fonte:exame

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