Nesta terça-feira pela manhã, como faço todos os dias, fui para as ruas em busca de fotos para o Santa. Torço para que sejam notícias positivas para que os leitores continuem acreditando que a vida vale a pena ser vivida intensamente. No decorrer da manhã, o colega Ânderson Silva, da coluna Santa nos Bairros, me pautou para fotografar a Rua Gustavo Henschel, no Bairro Itoupava Central.
Ao procurar o melhor ângulo para retratar a poeira e o estado lastimável da rua, deparei com uma cena que vou demorar para esquecer: uma cadelinha quase em súplica latia fraco tentado chamar minha atenção. Curioso, fui ao encontro dela. Deitou sobre meus pés, pedindo que a socorresse com olhar de misericórdia. Só fui entender todo aquele desespero quando comecei a prestar atenção no que ela tentava me mostrar. Possivelmente, todos os irmãozinhos de uma grande ninhada estavam ali, mortos e queimados vivos por alguém inescrupuloso e egoísta que, em ato covarde, desfez-se dos bichinhos na beira de uma estrada tão abandonada quanto sua alma.
A cachorrinha latia. Talvez de medo, fome ou desespero diante do que o futuro a reserva. Dediquei mais tempo do que podia para dividir com o bichinho a solidão que ele sentia naquele momento. Eram cenas absurdamente fortes. Não dá para acreditar que um ser vivo fez aquilo. Não há motivo que explique uma atitude covarde como essa. Continuo acreditando que a vida é bela e torcendo pra que todos vivam harmoniosamente. Homens e animais.
Fonte: Jornal de Santa Catarina
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