Cientistas franceses treinaram seis babuínos para que eles reconhecessem quando letras na tela de um computador formavam uma palavra de verdade e quando era apenas uma sequência sem sentido. O objetivo dos pesquisadores era descobrir se o processamento da informação ortográfica poderia ser feito mesmo na ausência de um conhecimento linguístico.
Segundo a revista Science, o estudo foi baseado no fato de que na leitura, o cérebro de um ser humano primeiro reconhece letras individualmente, assim como sua ordem. "Estamos na verdade lendo palavras como identificamos um objeto visual, como cadeiras e mesas", disse o autor do estudo e psicólogo do Centro Nacional de Pesquisas Científicas da Universidade de Aix-Marseille, na França, Jonathan Grainger. "Nosso cérebro constrói palavras de um conjunto de letras, assim como ele reconhece uma mesa como um objeto ligado a quatro pernas", completa.
Após o treinamento, que durou cerca de um mês e meio, os pesquisadores mostraram aos babuínos palavras em inglês, sendo algumas delas inexistentes. Surpreendentemente, os macacos souberam distinguir o que fazia ou não sentido. Os babuínos não estavam lendo, pois não sabiam o significado do que estava escrito. Mas os resultados mostram que eles dividem as palavras ao invés de apenas memorizar seu formato como um todo, explicou Grainger.
"Mesmo que não haja dúvidas de que a língua falada é extremamente importante para humanos que estão aprendendo a ler, o desempenho dos babuínos destaca a importância dos aspectos visuais da leitura", afirma Anne Castles, pesquisadora da Universidade de Macquarie em Sydney, na Austrália. "As crianças normalmente têm de reconhecer um conjunto de palavras em uma página, é importante para nós entender como elas fazem isso e que fatores as levam a fazê-lo direito", diz.
Grainger conta que o próximo passo é tentar descobrir se os babuínos conseguem associar palavras com algum significado. "Será muito complexo", afirma.
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