Por Robson Fernando de Souza (da Redação)
Um comercial de 30 segundos do Ministério da Saúde, produzido pela agência de publicidade Propeg, usou um elefante nas filmagens, mostrando tanto que o Governo Federal não está nem aí para os animais como que o respeito à ética na publicidade ainda é um sonho distante. A propaganda em questão tenta conscientizar aqueles que brincaram o Carnaval para que façam o teste de Aids caso tenham tido relações sexuais sem camisinha durante a folia.
Provavelmente “obtido” por empréstimo de algum circo, o animal aparece em duas cenas distintas. A primeira cena em que o elefante aparece é quando o protagonista pergunta: “Fala aí elefante! Você que tem a memória melhor do que a minha, usei ou não usei camisinha?”. Logo em seguida, a segunda cena mostra o elefante sendo montado pelo protagonista e levando-o a uma Unidade Básica de Saúde federal.
É pouco provável que o elefante tenha sido gerado por computação gráfica (CGI), visto que isso iria provavelmente aumentar muito o custo do comercial e não aparece qualquer mensagem sobre ele ter sido eventualmente criado por CGI. Sendo real, fica evidente que o animal sabe conduzir pessoas nas suas costas e interagir razoavelmente com pessoas. Assim sendo, há a forte suspeita de que ele tenha sido pego emprestado de algum circo, que evidentemente o havia explorado fortemente ao longo de sua vida.
A exploração de animais em circos vem sendo um debate forte atualmente no Brasil, e vários Estados e municípios já a proibiram. Ter autorizado uma propaganda que usa um elefante provavelmente proveniente de circo mostra que o atual governo federal, que autorizou tal propaganda, se alheia a essa discussão e não reconhece a causa animal como algo digno de uma política pública e um enrijecimento legal.
Tenta-se educar as pessoas a cuidarem de sua saúde, mas tal educação vem acompanhada de um esforço de alienação – o ato de naturalizar a exploração animal e também, indiretamente, a captura de animais silvestres na Natureza, visto que o elefante, além de ser originário de ecossistemas distantes do Brasil, não é um animal doméstico. Também é possível ver que, considerando-se a possibilidade desse animal ter sido “obtido” emprestado de um circo, a agência de publicidade e o governo negligenciam todas as violências existentes no aprisionamento e “treinamento” de animais não humanos para números circenses.
O comercial perde sua legitimidade enquanto mensagem educativa quando deseduca as pessoas em torno da causa animal, passando a equivocada mensagem de que é “tudo bem” explorar animais nos circos e na publicidade.
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