Era o que pregava César Ades, pesquisador de comportamento animal, morto nesta semana
Nesta semana, o Brasil perdeu um dos primeiros e também mais importantes pesquisadores do comportamento dos animais. Mais do que isso, o professor universitário César Ades, da USP (Universidade de São Paulo) se tornou um maiores especialistas do mundo na relação entre os bichos e os seres humanos.
O professor, que lutou pela vida durante uma semana após ser atropelado enquanto atravessava a avenida Paulista, na cidade de São Paulo, tinha 69 anos.
Em uma conversa com o R7 no fim do ano passado – ainda inédita –, Ades explicou por que o cachorro se tornou conhecido como o melhor amigo do homem.
- Essa relação não caiu do céu. O cão foi o primeiro animal domesticado pelo homem, há cerca de 14 mil anos. Antes mesmo da vaca, da galinha, da cabra. E o cão é basicamente um lobo, geneticamente selecionado com o passar dos anos. Provavelmente, alguns deles foram se aproximando das pequenas aldeias humanas, e os mais dóceis, mais tranquilos com a presença de pessoas, foram ficando por perto.
Então, explicou Ades, os homens daqueles tempos perceberam que poderiam se beneficiar da presença dos dóceis lobos.
- Os moradores da aldeia se tocaram que aqueles animais poderiam protegê-los, ajudar na caça e, é claro, fazer companhia.
Ao longo desses 14 mil anos, os humanos fizeram uma intensa e constante seleção genética, privilegiando certos aspectos físicos e de personalidade dos cachorros que nasciam. Assim, foram criadas as diferentes raças. Algumas de guarda (como doberman), outras de companhia (como o maltês) e outras, ainda, de trabalho (como são-bernardo).
- O cão se adaptou ao ser humano. Ele tem uma predisposição para aprender. Inclusive truques. Ele foi criado, ao que parece, pela interação com o homem.
Mas o que faz justamente desse animal tão especial?
César Ades acreditava que a relação com um cachorro proporciona ao ser humano uma espécie de vínculo diferente do que surge, por exemplo, entre duas pessoas.
- O cão permite uma relação agradável, que complementa. Ele representa algo além do vínculo humano, é como um benefício extra, uma empatia especial. Quando a convivência é prazerosa, faz com que a gente se sinta importante, amado. Quem te lambe? Quem abana o rabo quando você chega em casa? Mas é preciso ser uma relação equilibrada, de troca. Cão não é brinquedinho do homem!
Segundo o especialista, cachorro oferece a oportunidade de nos darmos conta do que é nos relacionarmos com o outro. Pode dar condições, ainda, de crescimento pessoal.
- Mas não é qualquer animal nem qualquer um que experimenta isso. Aí é que está a mágica, a riqueza dessa relação! Pode ser ótima, mas pode simplesmente não acontecer. Não pense que o cão vem com manual de instrução. É claro que existem muitas dicas para tentar ter uma boa convivência, mas não há nenhuma garantia de que vão dar cem por cento certo. Ou dez por cento.
Para encerrar o bate-papo, Ades falou qual acreditava ser a maior virtude dessa relação tão especial.
O professor, que lutou pela vida durante uma semana após ser atropelado enquanto atravessava a avenida Paulista, na cidade de São Paulo, tinha 69 anos.
Em uma conversa com o R7 no fim do ano passado – ainda inédita –, Ades explicou por que o cachorro se tornou conhecido como o melhor amigo do homem.
- Essa relação não caiu do céu. O cão foi o primeiro animal domesticado pelo homem, há cerca de 14 mil anos. Antes mesmo da vaca, da galinha, da cabra. E o cão é basicamente um lobo, geneticamente selecionado com o passar dos anos. Provavelmente, alguns deles foram se aproximando das pequenas aldeias humanas, e os mais dóceis, mais tranquilos com a presença de pessoas, foram ficando por perto.
Então, explicou Ades, os homens daqueles tempos perceberam que poderiam se beneficiar da presença dos dóceis lobos.
- Os moradores da aldeia se tocaram que aqueles animais poderiam protegê-los, ajudar na caça e, é claro, fazer companhia.
Ao longo desses 14 mil anos, os humanos fizeram uma intensa e constante seleção genética, privilegiando certos aspectos físicos e de personalidade dos cachorros que nasciam. Assim, foram criadas as diferentes raças. Algumas de guarda (como doberman), outras de companhia (como o maltês) e outras, ainda, de trabalho (como são-bernardo).
- O cão se adaptou ao ser humano. Ele tem uma predisposição para aprender. Inclusive truques. Ele foi criado, ao que parece, pela interação com o homem.
Mas o que faz justamente desse animal tão especial?
César Ades acreditava que a relação com um cachorro proporciona ao ser humano uma espécie de vínculo diferente do que surge, por exemplo, entre duas pessoas.
- O cão permite uma relação agradável, que complementa. Ele representa algo além do vínculo humano, é como um benefício extra, uma empatia especial. Quando a convivência é prazerosa, faz com que a gente se sinta importante, amado. Quem te lambe? Quem abana o rabo quando você chega em casa? Mas é preciso ser uma relação equilibrada, de troca. Cão não é brinquedinho do homem!
Segundo o especialista, cachorro oferece a oportunidade de nos darmos conta do que é nos relacionarmos com o outro. Pode dar condições, ainda, de crescimento pessoal.
- Mas não é qualquer animal nem qualquer um que experimenta isso. Aí é que está a mágica, a riqueza dessa relação! Pode ser ótima, mas pode simplesmente não acontecer. Não pense que o cão vem com manual de instrução. É claro que existem muitas dicas para tentar ter uma boa convivência, mas não há nenhuma garantia de que vão dar cem por cento certo. Ou dez por cento.
Para encerrar o bate-papo, Ades falou qual acreditava ser a maior virtude dessa relação tão especial.
- O cão não vai te dar bronca, te humilhar. A nossa relação com outras pessoas é muito doída. Sei que estou generalizando, mas uma das ideias que tenho é que o ser humano representa um perigo para si mesmo. Ele nos pune, nos castiga, não nos dá o que nós queremos, nos faz obedecer ser questionar. Talvez, uma das nossas maiores tristezas seja o outro ser humano. O animal pode ser menos ameaçador, mais companheiro.
R7
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