Dois casos de eutanásia ocorridos no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Bauru estão sob investigação da Polícia Civil. De acordo com as denúncias que chegaram ao 1.º Distrito Policial (DP), ambos os cães foram sacrificados de maneira ilegal e indevida, já que a morte poderia ter sido evitada. Num dos casos, o órgão alega leishmaniose. Além das duas ocorrências oficialmente registradas, que resultaram em procedimentos, várias outras queixas da mesma natureza chegaram ao titular do 1.º DP, Dinair José da Silva.
“Chama atenção o fato de serem denúncias semelhantes num curto espaço de tempo”, explica o delegado. Por conta de uma delas, Lara Fernanda Gobbi Grossi, 27 anos, esteve ontem no distrito policial. Ela contou que no dia 15 de dezembro do ano passado, Gabera, o cão que sua mãe havia herdado de um irmão falecido, fugiu do imóvel da família, situado na quadra 2 da rua Aviador Antonio Gomes Meireles, no Jardim América.
Fizeram buscas, mas como era uma noite de quinta-feira muito chuvosa, não o encontraram. No dia seguinte, lotaram o bairro com cartazes do cão idoso, cerca de 14 anos, sem raça definida. Foi o suficiente para uma vizinha ligar, avisar que o havia localizado. No entanto, sem saber nada sobre o animal, no dia anterior procurara o CCZ, que o recolheu.
Revolta
Sendo assim, sábado bem cedo, Lara, a esposa e um amigo foram até o CCZ para trazê-lo de volta para casa. O órgão estava fechado, mas encontraram dois funcionários de saída. De acordo com Lara, aproveitaram para contar o acontecido, eles voltaram, verificaram e os informaram que, por ser sábado, seria impossível devolvê-lo. No entanto, Gabera estaria sendo tratado por três veterinários, estava bem e poderia ser resgatado na segunda.
Na data definida, munidos de lençóis e toalhas para acolher o “velho Gabera”, que seria levado ao veterinário para consulta de rotina, souberam, então, por uma funcionária do CCZ, que ele havia sido sacrificado logo após chegar ao órgão. Morreu porque estava com suspeita de leishmaniose, informaram. A revolta foi tanta que o caso foi parar, no mesmo dia, na delegacia. A mesma iniciativa tomou João Souza, que foi socorrer uma cadela atropelada, também recolhida pelo CCZ.
Ao buscar informações do animal, soube que também foi sacrificado sob a alegação de que o CCZ não dispunha de Centro Cirúrgico, conforme o JC publicou na Tribuna do leitor.
Constância
O caso de Gabera é acompanhado pela bióloga e presidente da Organização Não Governamental (ONG) Naturae Vitae, Fátima Schroeder. De acordo com ela, constantemente a entidade recebe reclamações de eutanásia.
“Não é um fato isolado. Se tivessem feito exame (no caso do Gabera) eu não questionava tanto, mas é pelo ‘olhômetro’. Agora quero que sejam tomadas as providências legais”, diz Fátima.
Ela ainda orienta o registro na Polícia Civil de casos da mesma natureza, o que muitas vezes não ocorre por medo ou desinformação.
Fonte: JCNET
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