Atenção!
Você já se imaginou responsável por mudar características sexuais de peixes? Isso pode ocorrer com o descarte irregular de remédios em vasos sanitários. Essa atitude costuma ser comum para pessoas que não sabem o que fazer com remédios vencidos ou que não serão mais utilizados em tratamentos já encerrados.
“No lixo, alguém pode mexer e querer tomar. Quando jogo pelo vaso, tenho a certeza de que ninguém terá acesso”, afirma a dona de casa Liana Bispo.
Em Santos, apenas dois locais são credenciados como ecopontos pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente. São unidades da farmácia de manipulação Sais da Terra e da Drogaria São Paulo.
A ideia de tornar a farmácia Sais da Terra um ponto de coleta surgiu quando o proprietário do estabelecimento, Ricardo Delsin, identificou a carência de locaos para descarte dos remédios. Ele decidiu abrir um ponto de coleta e enviou o projeto à Administração Municipal, que aprovou e hoje apoia.
Entre 150 e 200 quilos de medicamentos são deixados pela população mensalmente nos ecopontos. A Prefeitura recolhe e providencia a incineração em local adequado.
“É uma atitude pequena do ponto de vista da necessidade que existe da indústria farmacêutica ser obrigada a fazer a logística reversa”, afirma o farmacêutico.
“Sempre sobra um comprimido, que fica vencido e depois vai para o lixo”, disse a assistente social Suzana Aparecida da Silva.. Para ela, a venda deveria ser feita com o número exato da prescrição médica.
Estudos
O grande problema do descarte de medicamentos em vasos sanitários é a mistura das fórmulas químicas nas rede de esgoto. Elas atingem rios, mananciais e até o mar.
O professor do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (IO-Unicamp), Wilson Jardim, estuda a questão e seus impactos. Ele explica que ainda não existem respostas sobre os efeitos em seres humanos, mas os impactos na fauna marinha são bem conhecidos pelos especialistas.
“Em casos de descartes de pílulas anticoncepcionais, por exemplo, os efeitos mais conhecidos são relacionados a alterações de glândulas sexuais nos animais. Os machos até perdem o interesse pelas fêmeas”, comenta Jardim.
O problema é antigo e estudos identificaram resíduos de antidepressivo na água de abastecimento da Inglaterra, na década de 1960.
Outro trabalho identificou grande quantidade de cocaína em um rio italiano, que fica nas proximidades de Milão. Por ironia, ele chama-se Rio Pó.
Para o pesquisador do Instituto de Química da Unicamp, a saída é exigir de empresas farmacêuticas a destinação adequada. A venda de porções menores ou sob medida também é alternativa para evitar descartes irregulares.
Fonte: A Tribuna
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