Objetivo da prefeitura de Poços de Caldas, que fez convênio com o Ministério da Saúde, é diminuir o número de animais abandonados
Vira-lata com jeitão de poodle, o pequeno Puff, de seis anos, faz parte de um seleto grupo de animais com microchip. Agitado, ele brinca bastante com outros dois cachorros e uma gata na casa da autônoma Karen Cristina Fonseca de Mello, na cidade de Poços de Caldas, a 456 quilômetros de Belo Horizonte. Puff é um dos beneficiados por iniciativa da prefeitura da cidade que, em parceria com o Ministério da Saúde, está monitorando todos os cães do municipio.
Na mesma cirurgia em que foi castrado, Puff recebeu um microchip. Se um dia ele se perder pela cidade, quando for recolhido pela prefeitura será identificado com um aparelho de leitura especial e devolvido à dona, que o encontrou abandonado. “Deixaram ele na porta da minha casa e, em agosto, faz um ano que estou com ele. Fizemos a castração na última quarta-feira (20) e ele está normal, brincando com os outros cachorros. A cirurgia não demora mais que 20 minutos e o microchip dá uma segurança a mais”, comenta Karen. Ela já havia castrado os outros animais e, agora, pretende implantar o chip em todos seus vira latas de estimação: a gata Ken Ken, Scooby (com aspecto de Doberman) e Beethoven, também de grande porte.
Em Poços de Caldas, chips são implantados em cães assim que eles são castrados: fica mais fácil encontrar o bicho, caso ele se perca
O Programa Municipal de Castração de Cães e Gatos de Poços de Caldas já tem 250 animais cadastrados. Destes, cerca de 70 já passaram pelo procedimento. Conforme explica o coordenador da Vigilância Ambiental, médico veterinário Rogério Blasi, a cidade possui uma população de 20 mil cães e gatos. Ele conta que nesta primeira fase 500 deles serão castrados e receberão o microchip. O custo normal para castrar e implantar um microchip varia de R$ 180 a R$ 200, mas com o subsídio da prefeitura e do Governo Federal, o procedimento é oferecido à população por apenas R$ 16,30. “O aumento da população da cães e gatos é um problema mundial e Poços de Caldas não fica de fora. Muitos estão abandonados pela cidade”, conta o veterinário. Com a iniciativa, o governo incentiva a castração e melhora o controle dos bichos da cidade.
Para esta primeira etapa de castração e implantação de microchips, serão desembolsados de R$ 50 mil a R$ 60 mil, em recursos da prefeitura e do Ministério da Saúde. Blasi explica que o poder público repassa às três clínicas conveniadas R$ 100 para o procedimento em um gato e R$ 120 em um cachorro. “Depois da primeira etapa, pretendemos abrir um edital para mais três mil animais. A idade mínima para a castração é de três meses e o procedimento é pouco invasivo. O animal recebe anestesia geral e não precisa tomar antibióticos depois”, diz o veterinário. Para participar do programa, o dono do animal deve ir ao setor de Vigilância Ambiental da Secretaria Municipal de Saúde e retirar uma guia para pagamento dos R$ 16,30. Com a guia paga, ele retorna ao local e faz a inscrição. A escolha da clínica é do proprietário.
Os abandonados
Blasi conta que, por mês, centenas de cães e gatos são recolhidos das ruas de Poços de Caldas. Além de sofrerem com o abandono e a falta de alimento, os animais podem se transformar em transmissores de doenças, por não receberam vacinas. O veterinário lembra que entre as mais graves estão a raiva e a leishmaniose, letais.
A iniciativa da prefeitura agradou a Associação de Amigos e Protetores dos Animais (AAPA) de Poços de Caldas. A presidenta da entidade, Vera Facci, conta que programa de controle de natalidade nos animais é uma reivindicação antiga. “Estamos tentando viabilizar um programa como este há 20 anos. Para nós, foi uma coisa maravilhosa. Há muitas pessoas que culpam os canis, mas a responsabilidade é da própria população. O acordo de colocar o microchip nos deixa muito contentes”, diz ela.
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