sábado, 30 de julho de 2011

Casa de Tonho da Onça é alvo da PF

DANIELLY TONIN
Da Reportagem/Rondonópolis
Policiais da Delegacia da Polícia Federal de Rondonópolis cumpriram um mandado de busca e apreensão, na manhã de ontem, na residência de Antônio Teodoro Melo Neto, 72 anos, conhecido como Tonho da Onça, que chegou a ser preso pela PF durante a Operação Jaguar I, em maio deste ano. Na residência foi encontrado um revólver.
Em Rondonópolis, o delegado Tales Frausino, que foi responsável pelo cumprimento do mandado, limitou-se a declarar que o mandado foi cumprido e que as informações seriam repassadas à Delegacia da Polícia Federal em Corumbá (MS), que é responsável pela condução das investigações que resultaram nas operações Jaguar I e II.
Tonho da Onça, que é reconhecido como um caçador de felinos, tornou-se conhecido depois de ser apontado pela Polícia Federal como um dos envolvidos com uma quadrilha que promovia safáris, com caça ilegal, na região do Pantanal. As investigações tiveram início após a utilização, para fins publicitários, de um vídeo sobre um safári turístico na Fazenda Santa Sofia, na cidade sul-mato-grossense de Aquidauana. No vídeo aparecem imagens de um caçador atirando contra uma onça.
Além do mandado de busca e apreensão em Rondonópolis, a PF cumpriu mandados nas cidades de Corumbá, Aquidauana e Campo Grande, todas no Mato Grosso do Sul. De acordo com a Polícia Federal, as apreensões serão utilizadas para complementar as investigações que estão em andamento há cerca de um ano.
Em julho do ano passado, a PF em Sinop prendeu um cirurgião-dentista acusado de liderar uma quadrilha responsável por promover caça ilegal de animais, Eliseu Augusto Sicoli. Na ocasião, primeira etapa da Operação Jaguar, outras duas pessoas foram presas, que atuariam também no Paraná. Além de presos, os acusados foram autuados pelo Ibama em R$ 10 mil pelos crimes ambientais.
O líder da quadrilha que foi presa em Sinop durante a Operação Jaguar da Polícia Federal por caça ilegal de animais, Eliseu Augusto Sicoli, é cirurgião-dentista, professor titular da Universidade Oeste do Paraná (Unioeste) e chegou a tentar o cargo de reitor da instituição. Outros dois presos são dentistas e também atuam no Paraná. Todos têm boa situação econômica e consideravam os safáris uma espécie de hobby.
A operação teve como objetivo prender uma quadrilha que caçava ilegalmente animais de grande porte como onças-pintadas, pardas e pretas no Pantanal e em outras regiões. Ontem, o Ibama multou os presos por prática ilegal de animais silvestres ameaçados de extinção. Os brasileiros foram multados em R$ 10 mil e os estrangeiros, em R$ 5 mil.
A Polícia Federal informou que três homens ainda estão foragidos, sendo dois no Paraná – um deles é cirurgião-dentista - e um em Rondonópolis. A PF informou que o advogado de um dos foragidos entrou em contato com a instituição e disse que seu cliente vai se apresentar na segunda-feira em Curitiba (PR). O suspeito é especialista na prática de empalhar animais.
O grupo é composto por quatro argentinos, um paraguaio e três brasileiros, sendo que um deles é policial militar em Rondonópolis. Segundo investigações, os argentinos vieram ao Brasil especialmente para o safári no Pantanal. A PF não soube informar se o paraguaio é residente no Brasil.
De acordo com o delegado da PF em Corumbá, Paulo Machado Nomoto, a polícia começou a investigar o grupo há nove meses. Só no ano passado, a quadrilha foi responsável pela morte de 28 felinos de grande porte. Ainda não se sabe quantas onças foram mortas neste ano.
Nomoto disse que a maioria das armas apreendidas com o grupo era de calibre 22. “Como eles caçavam para obter a pele das onças, usavam um tipo de arma que não danifica muito o animal”, explicou o delegado. Também foram apreendidos com a quadrilha acessórios (como material de recarga) e munição.
Os oito presos negaram que estivessem na fazenda para caçar animais de grande porte. “Eles disseram que iam participar de uma pescaria. Eu nunca vi ninguém pescar com tanta arma”, destacou.
O delegado disse ainda que os presos tinham boa situação financeira. “Tanto que eles pagavam U$ 1,5 mil para cinco dias de safári no Pantanal. E para os safáris da África, eles desembolsavam U$ 3,5 mil”. O grupo viajava de avião particular até as proximidades de uma fazenda localizada no município de Nova Santa Helena.
As investigações revelaram que o coordenador das caçadas é Antônio Teodoro Melo Neto, de 71 anos, popularmente conhecido como Tonho da Onça. Ele está foragido. Considerado o maior caçador do felino no país, ele afirma que já matou mais de 600 onças em toda sua vida. O filho dele também está envolvido nos safáris. Os dois faziam parte de um programa do Ibam chamado Pró-carnívoro, em que as onças são capturadas para encoleiramento. No entanto, eles utilizavam a atividade apenas para acobertar as caçadas clandestinas que realizavam com os outros integrantes do grupo.
O delegado da Polícia Federal não soube informar como os integrantes do grupo conseguiam viajar carregando os animais mortos sem terem nenhum tipo de problema com fiscalização ou com oficiais da Infraero.
O inquérito da prisão em flagrante em Sinop já foi entregue à Justiça. Os oito presos foram indiciados pelos crimes de porte ilegal de arma, formação de quadrilha e caça ilegal. Juntas, as penas podem variar de 3 a 7 anos de prisão e multa.
A prisão temporária do grupo termina no domingo, mas a Polícia Federal vai tentar entrar com pedido de prisão preventiva. Os suspeitos estão presos no presídio Ferrugem, em Sinop.

 

fonte:http://www.diariodecuiaba.com.br

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