Com mais de 2,5 mil membros, o grupo SOS Tibiriçá criou uma verdadeira ação de guerra para tentar salvar os animais. A mobilização contou até com uma escala de horários para controlar a entrada e saída do canil.
Além disso, um local de doação foi montado e lá, remédios, ração e materiais de limpeza e curativos foram enviados. Foram toneladas de donativos de pessoas e empresas. “Por ter sido muito grande, o trabalho foi árduo. Tivemos que coordenar pessoas, animais e doações. Não foi fácil, mas faria tudo de novo, tenho orgulho de ter feito parte desse grupo que salvou esses animais”, conta Leandra.
Local de ajuda
Além de ser utilizada como um painel onde o bem-estar dos animais é divulgado, o grupo formado pelos voluntários do interior de São Paulo, também foca sua atenção para outros resgates. Todos os dias, membros publicam imagens e pedem ajuda para socorrer cães e gatos de Bauru e região.
São animais encontrados nas estradas, perdidos, doação de filhotes, buscas por lares temporários, e outras coisas. Além disso, os voluntários divulgam notícias de maus-tratos e mantém contato com outras organizações.
“Vão ficar comigo”
Três meses após a denúncia da situação dos animais, a página do grupo hoje serve para colher os frutos do trabalho. Os novos tutor dos animais postam fotos e compartilham o estado de saúde dos labradores, rottweilers, golden retrievers, dálmatas, são bernardos, sheepdogs e outras raças de animais que foram resgatados.
É o caso de Priscila, uma cachorra da raça sheepdog que está sob os cuidados da empresária Rose Munhoz, em uma chácara de Lençóis Paulista (SP). Rose viu o caso do canil na rede social e resolveu ajudar. “Levamos ração, shampoo e outros produtos de limpeza. A situação era muito triste, chegava ao deplorável. Quando eu cheguei, a Priscila estava largada e sem forças para nada. Hoje, ela está linda e cheia da vida”, conta.
Além da sheepdog, Rose ficou com outros cinco animais, todos em estado severo de desnutrição e maus-tratos. Um dos cães tinha um ferimento tão grande na pata que foi preciso amputar e quando questionada sobre a guarda dos cachorros que ainda estão provisoriamente na chácara, a empresária é categórica: “Vão ficar comigo. Não dou, não vendo, não empresto”, brinca.
Inquérito
Os cerca de 60 cães encontrados no canil Infinity foram descobertos após uma ordem de despejo dos tutor por falta de pagamento do aluguel em janeiro deste ano. Os cachorros, a maioria de raças nobres, foram encontrados sem a higiene adequada, desnutridos e doentes.
Segundo os voluntários, a situação de maus-tratos era tão grande que um dos cachorros chegou a comer o próprio filhote de tanta fome. De acordo com as investigações, há a suspeita de que pelo menos 20 animais tenham morrido. Conforme uma decisão provisória da Justiça, eles foram socorridos e encaminhados para lares temporários de duas ONGs.
Um inquérito foi aberto para investigar se o lugar tinha licença de funcionamento. Segundo o delegado responsável, Dinair José da Silva, o dono do canil já havia respondido a processo por maus-tratos em 2011. “Já existe um termo circunstanciado contra ele. Nos últimos dois anos, a situação piorou e por isso chegou nestas condições lamentáveis”, explica.
Após a denúncia, o dono do canil Infinity se apresentou à polícia junto com o advogado e negou os casos de maus-tratos. “Ele alegou que cuidava dos animais e disse ainda que não havia dado tempo de tratar dos cães quando a ONG chegou, mas os laudos que tivemos comprovam que isso é uma inverdade”, confirma o delegado.
O inquérito, que deve ser finalizado no mês de abril, ouviu o depoimento de cerca de 10 pessoas e ainda apresenta laudos onde mostram lesões graves nos animais. “A pena para maus-tratos de animais varia de três meses a um ano de detenção, mas neste caso, na ótica da Justiça, se condenado, ele pode responder a pena para cada cachorro, ou seja, a punição é individual para mais de 50 animais”, ressalta Dinair.
O advogado do dono do canil Infinity foi contatado, mas não retornou nenhuma das ligações.
Fonte: G1
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