Foto: Montreal Science Centre
O chefe da principal organização indígena do Canadá – Inuit – está pressionando o governo federal para ajudá-lo a formar uma frente unida contra o ressurgente lobby dos Estados Unidos para banir o comércio internacional baseado nos ursos polares – um empurrão dado por uma nova e provocativa campanha lançada na semana passada, em Washington, D.C., nas mais influentes publicações para os oficiais do governo federal dos Estados Unidos. As informações são do portal Canada.com.
A propaganda tem como objetivo convencer o legislativo americano a tornar a lista das espécies ameaçadas o mais restritiva possível de acordo com a convenção global de proteção à vida selvagem – CITES – proposta idêntica a outra que falhou em ganhar o apoio internacional 2 anos atrás.
“Os Inuits não apoiam a proposta de mudar os ursos polares do Apêndice II para o Apêndice I na CITES” disse Terry Audla, o novo presidente da Inuit Tapiriit Kanatami (ITK) situada em Ottawa (ITK), ao jornal Postmedia. Os Inuits afirmam que o comércio referente aos ursos polares mantem-se em níveis estáveis bem como seu nível populacional desde a última revisão.
Audla acrescentou: “Como líder nacional dos Inuits vou escrever ao Secretário do Interior dos Estados Unidos, Ken Salazar, para expressar nossa posição e requisitar uma reunião para expor a posição dos Inuits do Canadá na lista proposta referente ao urso polar. Também vou escrever ao Primeiro Ministro do Meio Ambiente Canadense (Peter Kent) requisitando uma posição única do Canadá.”
A batalha política sobre este tema já se delineia nos Estados Unidos.
Um grupo de 43 Democratas da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos anunciou esta semana que apoia a ideia – tal qual estabelecida no anúncio da campanha lançada pelo Conselho de Defesa dos Recursos Naturais dos Estados Unidos (NRDC) e pelo Fundo Internacional para o Bem Estar Animal – de oferecer mais proteção aos ursos polares em 2013 na próxima conferência da CITES, a Convenção para o Comércio Internacional das Espécies Ameaçadas.
Os Legisladores Democráticos chamaram a “U.S. Fish and Wildlife Service”, os companheiros democratas de Salazar e o Presidente Barack Obama para formalmente endossar este plano.
“É necessária uma proteção maior aos ursos polares para torná-los mais fortes e para que sua população tenha maior chance de sobrevivência”, declarou o representante de Massachusetts Ed. Markey, o mais alto democrata no comitê de recursos Naturais da Câmara dos Deputados em nome de seus 42 colegas. “Com a crescente piora na condição dos ursos polares nos últimos 2 anos – preços recordes pela pele do urso polar, insustentável situação dos ursos no Canadá (único país que permite a matança do urso polar para comércio internacional), e novas evidências de que o habitat dos ursos polares está “se derretendo” – assegurar maior proteção na CITES torna-se imperativo.
Uma coalisão dos Democratas declarou que apenas “modesta proteção” foi dada aos ursos polares quando eles foram incluidos no Apêndice II da CITES em 1975. Esta espécie “ainda pode ser comercializada no mercado global e está sujeita a tornar-se troféu de caça. “ acrescentou. Mudar os ursos polares para o Apêndice I traria maior proteção ao banir seu comércio internacional e ao adicionar restrições a sua caça.
Em um comunicado divulgado pela IFAW em conjunto com a Humane Society International, Andrew Wetzler, porta-voz do NRDC disse, “a situação do urso polar tem sido um dos problemas mais visíveis e angustiantes no esforço global para enfrentar a mudança climática.”
A diretora da Humane Society International for wildlife (Sociedade Internacional Humana pela vida selvagem) , Teresa Telecky, declarou que o preço da pele do urso polar dobrou desde 2008. Ela declarou que “ Dois-terços do número de ursos polares do mundo terão desaparecido pela metade do século e parece que as pessoas querem um pedaço deles antes que desapareçam para sempre.” Os Estados Unidos devem tomar a liderança para impedir que se comercialize o urso polar através da proposta da CITES e através do lobby necessário para que os demais países os apoiem.
No início deste ano, o “Fur Harvesters Leilão Inc. “, com sede no Canadá, vendeu uma pele de urso polar pelo valor recorde de $ 11.000.
Acredita-se que o interesse de colecionadores da China e Rússia está pressionando a subida dos preços dos produtos de ursos polares, com a perspectiva de um novo empurrão dos EUA para uma renovada CITES.
Enquanto os ambientalistas americanos insistem que a população atual de 25.000 ursos polares está em perigo eminente devido à mudança climática – com uma estimativa de que 15.500 ursos no Canadá estejam sob perigo de serem caçados – os experts Inuit e alguns cientistas dizem que a população no geral está robusta e estável.
Mais de 400 ursos polares são legalmente mortos no Canadá todos os anos pelos caçadores Inuit ou pelos aventureiros estrangeiros levados a viagens de caça pelos guias aborígenes.
Em Novembro o governo do Canadá declarou formalmente o urso polar como “espécie ameaçada” e anunciou um conselho de três anos para criar um plano de gestão a longo prazo para o animal . “O Canadá é o lar de dois terços da população mundial de ursos polares e nós temos a responsabilidade única de sua conservação efetiva e de seu cuidado”, declarou o ministro do Meio Ambiente Peter Kent na época. “Nosso governo está demonstrando liderança na proteção desta importante espécie”.
“Modelos populacionais projetam que 4 das 13 subpopulações (incluindo aproximadamete 28% dos 15.500 ursos polars do Canadá) correm grande risco de diminuir em 30 % ou mais nas próximas 3 gerações de ursos polares (36 anos) , “ declarou o relatório COSEWIC. “Os declínios são parcialmente atribuído às mudanças climáticas a Oeste da Baía de Hudson e ao Sul do Mar de Beaufort, mas são na sua maioria devido a insustentável situação em Kane Basin e na Baía de Baffin.
Quando do anúncio feito em Novembro, a ITK declarou que a lista de “espécies ameaçadas” “cria novas responsabilidades especiais” para os Inuits para que tragam mais do seu conhecimento tradicional a respeito dos ursos polares para o processo de criação de um plano de gerenciamento nacional.
Mas a ITK adicionou que nos últimos 20 anos “Inuit vem observando um aumento acentuado no número de ursos polares por todas as regiões árticas do Canadá, e tornaram-se mais preocupados recentemente sobre essa tendência que afeta a segurança das comunidades Inuit. “
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