sábado, 23 de junho de 2012

‘CCZ de Araraquara é um campo de concentração de animais’, diz ONG


O Centro de Controle de Zoonoses de Araraquara (SP) foi alvo de novos protestos de associações e grupos de proteção dos animais nesta sexta-feira (22) após a constatação de mortes no local em decorrência de maus-tratos. Os registros de abandono foram entregues ao Ministério Público esta semana e um grupo anunciou a decisão de suspender a ajuda dada à Prefeitura. Os voluntários alegam comodismo da administração pública, já que as melhorias prometidas no tratamento e no cuidado com os animais não foram cumpridas.
Segundo denúncias feitas por ONGs da cidade, ao menos cinco cães morreram de frio por ficarem em baias com piso de cerâmica e se molharem na chuva ao sair para a parte externa do local. Após o ocorrido, as ONGs se uniram e doaram 21 camas com cobertor, para dar conforto aos animais, mas em visita ao local, voluntários encontraram as camas empilhadas e os cães, molhados por causa do mau tempo, dormindo no chão frio novamente.
Atualmente, há no centro 35 animais saudáveis e 20 doentes, que dividem espaço em 14 baias, sendo oito delas individuais, para cachorros mais bravos, e seis coletivas.
“O CCZ deveria se chamar CCA, porque é um verdadeiro Campo de Concentração de Animais”, afirma Betty Roedel Peixoto, do grupo SOS Melhor Amigo, que protocolou uma ação civil no Ministério Público contra a Prefeitura, responsável pela administração do local.
“Aquele lugar é um modelo público de desrespeito às leis estaduais e federais e esperamos que a Promotoria questione a administração sobre o desrespeito encontrado no Centro de Zoonoses”, diz Peixoto. De acordo com ela, a intenção é que a gestão do CCZ seja remanejada e que as promessas de melhorias no local sejam cumpridas. Hoje, o CCZ é gerido pela Secretaria Municipal de Saúde.
‘Morte por abandono’
Os pedidos de mudança na forma como os animais são tratados no CCZ de Araraquara foram feitos pelos grupos de proteção a uma comissão formada em março pela Secretaria de Meio Ambiente, após a denúncia do sacrifício do cão Gabriel. O caso foi o estopim para que relatos de maus-tratos e eutanásia no local viessem à tona. “Não fizeram as melhorias e as ONGs vão deixar de apoiar a comissão até que o que foi prometido seja feito”, afirma Peixoto.
Um documento foi entregue à Prefeitura anunciando a decisão, que inclui a suspensão de ajuda prestada pelas ONGs com remédios. “Embora a eutanásia indiscriminada tenha aparentemente sido suspensa no CCZ, as matanças ainda continuam, pois conseguiram trocar a morte por eutanásia pela morte lenta do abandono”, diz trecho do documento.
De acordo com Peixoto, a decisão foi tomada para propor esforços à gestão do local. “Os voluntários continuarão ajudando, mas não haverá mais o comprometimento das associações, para evitar mais comodismo no CCZ”, considera. “Nunca vamos abandonar os animais, mas isso só trouxe acomodação”.
Segundo dados da SOS Melhor Amigo, da Associação Araraquarense de Proteção aos Animais (AAPA) e do grupo de Protetores dos Animais e do Meio Ambiente (PROAMMA), as ONGs gastaram mais de R$ 1,5 mil nos últimos 40 dias com a ajuda.
Novas promessas
De acordo com o gestor CCZ, Tony Emerson Alves de Souza, o grande problema enfrentado é a falta de funcionários. “Temos um veterinário, que trabalha quatro horas por dia, além dos servidores gerais e de limpeza, fica impossível fazer mais do que já fazemos”, afirmou Souza.
Na segunda-feira (25) haverá uma reunião entre as secretarias de Saúde, Administração e Meio Ambiente para acertar detalhes da construção de um abrigo temporário no Centro de Gerência Animal. Segundo a Prefeitura, uma verba de R$ 150 mil para os trabalhos já foi liberada.
Segundo as associações, novas promessas foram feitas para adequar o local e na próxima terça-feira (26) deverão começar as obras de reforma no canil do Centro de Zoonoses, no Parque Pinheirinho.
Assista à reportagem aqui.
Fonte: G1

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