Consumo de carne de primatas: uma prática que derivou de um ato de crueldade pode gerar uma crise de saúde global
Cientistas de Camarões alertaram que comer carne de macacos e primatas em geral pode causar “o próximo HIV”. Eles rastrearam um vírus similar ao HIV, chamado Vírus Espumoso dos Símios, e temem que mais vírus possam se espalhar e gerar uma crise de saúde global. Cerca de 80% da carne comida em Camarões é morta na floresta, conhecida como bushmeat (carne de animais selvagens, em tradução livre). As carnes de gorila, chipanzé e macaco são as favoritas. As informações são do site do jornal britânico Daily Mail.
Estimativas apontam que mais de três mil gorilas são mortos no sul de Camarões todos os anos. Na força-tarefa contra “a crise da carne selvagem”, situada em Washington, avalia-se que mais de 5 milhões de toneladas de animais selvagens estejam sendo recolhidas anualmente na Bacia do Congo – o equivalente a dez milhões de bovinos.
Um estudo do início deste ano dos Centros para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês) identificou evidências de vírus – incluindo o Vírus Espumoso dos Símios – em produtos de vida selvagem importados ilegalmente, confiscados em diversos aeroportos americanos.
Babila Tafon, veterinário chefe do santuário de primatas Ape Action Afric, em Mefou, próxima à capital de Camarões, Yaounde, verificou a existência do vírus em animais trazidos ao local.
“Uma vistoria recente confirmou que o vírus está em humanos, especialmente naqueles que estão caçando primatas no sudeste do país”, afirma Tafon. Ele também acredita que o vírus ebola possa estar presente, e que tenha causado mortes em massa em um vilarejo próximo.
“Nossos irmãos acharam um gorila morto na floresta. Eles trouxeram para o vilarejo e comeram a carne. Quase imediatamente, todos morreram – 25 homens, mulheres e crianças ¿ a única pessoa que não morreu foi uma mulher que não comeu a carne”, conta Felix Biango, morador do vilarejo Bakaklion.
O professor Dominique Baudon, diretor do Centro Pasteur em Yaounde, afirma estar preocupado que o vírus se espalhe rapidamente. Ele diz que quanto mais fundo os caçadores entrarem na floresta e mais os primatas forem consumidos, mais vulneráveis as pessoas se tornarão para vírus desconhecidos, e maior o potencial para os vírus se tornem mais agressivos.
Pesquisadores admitem não saber quais os efeitos a longo prazo do Vírus Espumoso dos Símios em humanos, e o governo canadense disse recentemente que não tem certeza de como ele é transmitido. “O método exato não foi confirmado, mas há indicações de que o vírus possa ser transmitido pela exposição ao sangue, saliva e outros fluidos corporais de animais infectados”, disse.
Fonte: Surgiu
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