Estudo divulgado nesta quarta-feira (8) pela revista científica “Science” afirma que o társio-filipino (Tarsius syrichta), espécie endêmica das Filipinas, utiliza de sons ultrassônicos para se comunicar com outros espécimes, sem que humanos ou outros animais percebam.
A pesquisa aponta que esses moradores de árvores podem emitir sons “estridentes” em ocasiões raras, que não são percebidos por predadores. Poucos mamíferos terrestres conseguem emitir frequências acima da faixa normal da audição humana, que é de cerca de 20 kilohertz (kHz). Os morcegos, por exemplo, conseguem tal feito.
A investigação científica foi conduzida por especialistas da Humboldt State University, na Califórnia, Estados Unidos.
De acordo com a antropóloga Marissa Ramsier, coautora do artigo científico, o comportamento estranho desses mamíferos foi o que chamou a atenção para a pesquisa. As criaturas de hábitos noturnos ocasionalmente abriam a boca, como se foesse gritar, mas não eram percebidos sons.
Um microfone, utilizado para gravar sons de morcegos, foi levado à selva das Filipinas para registrar o hábito do társio. Os cientistas conseguiram registrar ruídos de até 90 kHz.
Marissa sugere que esses ruídos são utilizados pelos animais “para ouvir, falar e para não ser comido”. Mães e filhotes conseguem conversar na floresta sem que nenhum predador perceba.
Além disso, a habilidade de emitir ruídos ultrassônicos auxilia na alimentação, já que esses primatas se alimentam de pequenos insetos como traças e gafanhotos, que também utilizam frequências muito altas para comunicação. O “diálogo” desses insetos é interceptado pelas orelhas empinadas do társio e acabam indicando a localização das presas.
Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, na tradução do inglês), este pequeno mamífero está quase ameaçado de extinção.
Fonte: G1
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