A Avenida Paulista, historicamente, tem sido palco de grandes manifestações de protesto, do povo brasileiro, quase sempre por motivos políticos, como no caso das “Diretas Já” e tantas outras. Na última semana, no entanto, foi diferente, uma passeata com cerca de 10 mil pessoas ocupou três faixas da avenida para protestar contra os maus-tratos a animais, que só em São Paulo são registrados 5.000 casos por ano.
Talvez até como ironia, uma carta dos organizadores divulgada com antecedência no site “Crueldade Nunca Mais” pedia aos participantes que não levassem cartazes com palavras de ódio. A verdadeira intenção era denunciar essas barbaridades e pedir ao Congresso leis mais severas para esse tipo de crime, quase sempre punido com multa e serviços à comunidade.
Ali, aquela pequena multidão, com certeza, representava toda sociedade brasileira que não aceita mais ver tanta crueldade e covardia contra seres indefesos. São agressões reveladas diariamente pelos noticiários nacionais que revoltam a opinião pública. Histórias como as dos cães Titã que foi enterrado vivo, o Lobo morto após ser amarrado a um carro e arrastado pelas ruas e Laura, morta depois de ser espancada por uma enfermeira na frente dos filhos. Ou então como o episódio da gatinha Miloca que, ainda filhote, teve uma das patas arrancadas com alicate e, adotada, chega agora aos 17 anos. Hoje, animais mutilados, maltratados, abandonados e submetidos a toda espécie de torturas deixaram de ser casos isolados e viraram milhares, numa estatística macabra que não para de crescer em todo o Brasil. Agora, o mais triste mesmo é saber que, na maioria das vezes, essa violência é gratuita e praticada por pura maldade de parte daqueles em quem eles mais confiam.
Mas, diante desses absurdos, há de se perguntar: por que tanta perversidade? Até onde pode chegar a barbárie humana? Pessoas assim envergonham a própria espécie. No fundo, sentem saudades dos campos de concentração de Auschwitz e são filhos legítimos de um Himmler ou de um Rudolf Hess. Pelo menos, comungam dos mesmos ideais e pensamentos. Se vivessem na Idade Média, quem sabe, seriam condenados a enfrentar as fogueiras da Inquisição.
Vale lembrar, aliás, que diversos povos da antiguidade tiveram em comum a fascinação e o respeito pelos animais. Os hindus, budistas e jainas consideravam todas as formas de vida igualmente importantes, pois as julgavam encarnações de uma energia vital única. Eles eram símbolo de força e poder e venerados pelas suas capacidades específicas. Sem falar nos cachorros, historicamente considerados nossos melhores amigos, desde aquela época. Sobre eles, Sam Stall publicou um livro com a lista dos 100 cães que entraram para a história da humanidade. Há desde Péritas que salvou Alexandre da Macedônia de ser esmagado por um elefante há mais de 2.300 anos, até Snuppy, o primeiro cão clonado.
Portanto, é preciso dar um basta a esses maus-tratos totalmente irracionais. Afinal, além de crimes, eles atentam não só contra a Declaração Universal dos Direitos dos Animais, proclamada pela Unesco, mas também contra a dignidade humana.
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