Vídeos e fotos de animais estão entre os maiores sucessos da internet. Todo mundo clica para ver um gatinho brincando com uma caixa. Um cachorrinho fazendo arte. Eles são fofos mesmo – não há o que discutir. Mas nunca tinha reparado que grande parte dos bichos que fazem sucesso na web tem algo em comum: são filhotes. Assim como os rostos de pessoas jovens, as carinhas redondas dos filhotes dominam a mídia. É raro nos depararmos com rugas, com cabelos brancos, com flacidez. E também é raro nos depararmos com a velhice dos bichos.
O novo trabalho da fotógrafa americana Isa Leshko, Elderly Animals (Animais idosos), registra justamente esse momento da vida dos animais. A ideia do ensaio surgiu quando Isa visitou parentes em um sítio em Nova Jersey e viu Petey, um cavalo cego de 35 anos de idade. Isa conta que ficou hipnotizada pela imagem daquele animal e começou a fotografá-lo. Depois, fez imagens de outros bichos idosos. Um galo, outro cavalo, um cachorro, um casal de ovelhas.
Vários, segundo Isa, tinham sido maltratados, pareciam cansados. Outros pareciam calmos. E, alguns, olharam desafiantes para a câmera. Em muitos momentos, ela conta que foi preciso conter as lágrimas. Como quando tirou fotos do galo sem idade definida cujas asas, sem penas, expunham os ossos. Mas mostrar a decrepitude não era a intenção de Isa. Ela queria, em suas palavras, ”ter a certeza de honrar [com as imagens] a experiência do animal”.
A fotógrafa afirma que o trabalho foi a maneira que encontrou de lidar com o próprio medo da velhice e com a sua mãe, que tem Alzheimer. “Minha avó materna também tinha demência. E eu estava morrendo de medo de desenvolver a mesma doença. Esse projeto foi um meio para eu mergulhar nesse medo, tentar entendê-lo melhor e fazer as pazes com o envelhecimento”, disse Isa ao New York Times.
Com seu trabalho, Isa conseguiu fazer as pazes com o seu próprio destino. E nos incentivou a refletir sobre o destino de todos nós – sobre o que tememos, o que valorizamos e as imagens que vemos, e as que deixamos de ver.
Para saber mais, assista ao vídeo abaixo, em que Isa explica seu trabalho (em inglês).
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