Sobrevivência de onças, jaguatiricas, lobos-guará e cachorros-do-mato em seus hábitats está cada vez mais condicionada a sistemas de rastreamento
A tecnologia tem se mostrado uma aliada importante para a conservação de espécies da fauna brasileira. A sobrevivência de onças, jaguatiricas, lobos-guarás e cachorros-do-mato em seus hábitats cada vez mais está condicionada a sistemas de rastreamento por GPS, radiotelemetria e câmeras de alta resolução.
Com essas ferramentas, pesquisadores conseguem descobrir como os animais utilizam o ambiente, seus deslocamentos e hábitos. Além de facilitar a compreensão das relações entre homens e animais, a tecnologia ajuda a determinar áreas para conservação, corredores ecológicos e reflorestamento.
Segundo Rogério Cunha de Paula, biólogo do Centro Nacional para Pesquisa e Conservação dos Predadores Naturais (Cenap), órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente, o monitoramento de espécies tem servido para intimidar a caça aos animais. "Evitar, não evita. Mas intimida. Em locais onde divulgamos os projetos de monitoramento, a caça teve uma queda severa", diz o pesquisador.
O Cenap usa estudos de radiotelemetria com animais em parques, fazendas e reservas ecológicas. Há pesquisas com onças-pintadas em São Paulo, no Paraná (Foz do Iguaçu), Mato Grosso do Sul (Pantanal) e Bahia. As onças-pardas são monitoradas em Santa Catarina e Minas Gerais (regiões do Triângulo Mineiro e do Parque Grande Sertão Veredas). Os lobos-guarás são pesquisados também em Minas Gerais, no Parque Nacional da Serra da Canastra e também no Triângulo. Já o cachorro-vinagre, mamífero nativo do Cerrado, é monitorado em Mato Grosso. No total, em torno de 30 animais são monitorados pelas diferentes tecnologias.
Conflitos. "Os dados podem ser úteis em planos de manejo que permitam, além da conservação das espécies, evitar conflitos entre produtores rurais e predadores, como onças", explica Marcel Penteado, do Instituto de Biologia da Unicamp.
Ele explica que o monitoramento via satélite pode ajudar a prevenir ataques a rebanhos, por exemplo. "Caso elas estejam sendo monitoradas por GPS, é possível saber se estão se aproximando demais dos rebanhos, orientar os produtores a evitar as áreas mais frequentadas pelos animais", explica Penteado.
O projeto de pesquisa de Penteado realiza o rastreamento de quatro jaguatiricas que usam a mesma área por sinais de rádio, e também duas onças-pardas, uma delas com colar GPS.
"A tecnologia só não é mais usada porque o custo é alto. Como a maioria é importada, os impostos e taxas são o grande fator de limitação para os programas de conservação", diz Cunha.
Um colar com GPS custa, fora do Brasil, em torno de US$ 4 mil. Com as taxas, chega no País por R$ 35 mil. Muitos dos equipamentos hoje em operação foram doados por ONGs, empresas e institutos internacionais, como o Smithsonian Institution, dos Estados Unidos.
No interior de São Paulo, um dos casos mais conhecidos de animal monitorado é o da onça-parda Anhanguera. O animal, atropelado na rodovia de mesmo nome em 2009, foi reintegrado a uma região de remanescente de Mata Atlântica em janeiro. No pescoço, um colar de radiotelemetria.
"Sabemos exatamente onde ele está e que, desde a soltura, está em processo de explorar a região", conta Cristiana Adania, veterinária responsável pelo Centro de Reabilitação de Animais Silvestres da Associação Mata Ciliar, responsável pelo monitoramento do animal.
Com menor custo que os colares de rastreamento por rádio ou GPS, outro recurso tecnológico usado pelos pesquisadores são as armadilhas fotográficas. Existem 400 câmeras com esse objetivo espalhadas pelo País.
Fonte: Gazeta Web
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