segunda-feira, 26 de maio de 2014

De que forma as bactérias ficam resistentes aos antibióticos? Há formas de evitar uma infecção por uma bactéria multirresistente?


O primeiro antibiótico utilizado pela humanidade foi a penicilina, descoberta pelo escocês Alexander Fleming  em 1928.
Os relatos históricos contam que a penicilina foi descoberta meio que “por sorte e por acaso”. Fleming estava pesquisando uma bactéria importante, causadora, até hoje, de muitas infecções graves nas pessoas, que é o Staphylococcus aureus, ou simplesmente “estafilo” como popularmente a chamamos. Estava, portanto, cultivando colônias desta bactéria em uma placa de vidro. Ocorre que saiu de férias e “esqueceu” várias destas placas expostas no seu laboratório. Quando retornou, algum tempo depois, observou que as placas estavam cheias de bolor, que são os fungos, muito parecido com o bolor que cresce em pães ou frutas que vão se deteriorando ao longo do tempo. Só que Fleming era uma pessoa extremamente atenta. Ao invés de jogar as placas emboloradas no lixo, resolveu olhá-las atentamente e algo lhe chamou a atenção: observou que em volta do fungo NENHUMA BACTÉRIA CRESCEU.
Imediatamente imaginou que aquele fungo deveria ter uma substância que inibia o crescimento dos tão temidos “estafilos”. E acertou. O fungo se chamava Penicillium e a substância isolada ganhou o nome de penicilina. A penicilina, portanto, impedia o crescimento e proliferação das bactérias. Isto aconteceu em 1928. Porém, alguns anos se passaram até que se conseguisse “produzir” a penicilina para uso medicamentoso. Foi apenas em 1941 que o primeiro homem recebeu a penicilina. Muitos a receberam depois, principalmente soldados feridos na Segunda Guerra Mundial. A penicilina salvou muitas vidas. Principalmente de pessoas que possuíam infecções antes consideradas fatais. Em 1945, Alexander Fleming recebeu o Prêmio Nobel
.Vamos refletir um pouco sobre tudo isso. A penicilina foi utilizada pela primeira vez em 1941, há exatos 73 anos. Muitas descobertas científicas revolucionaram o mundo neste período da história humana. A evolução nos fez descobrir vários outros antibióticos. Cada vez mais eficientes e mais eficazes. Mas não nos devemos esquecer de que as bactérias também são seres vivos e também evoluíram. Por isso elas também foram aprendendo a se defender. Toda vez que se sentiram “atacadas”. De uma forma inteligente e impressionante.
Entenda como isso aconteceu. Como a penicilina “mata” as bactérias? Veja que simples entender: as bactérias tem uma parede, sem a qual não sobrevivem. Como uma casa que precisa de suas paredes para ficar em pé. Pois bem. A penicilina ataca justamente a formação desta parede durante a proliferação bacteriana. Ela “destrói” a parede. Resultado: as bactérias morrem e as pessoas se curam das infecções. A principal “arma de ataque” da penicilina é uma parte da sua estrutura química, um anel chamado de betalactâmico. Utilizamos largamente a penicilina e seus derivados para combater infecções. As bactérias foram, portanto, atacadas ao longo destes anos e por isso aprenderam a se defender. Como? Produzindo uma enzima que se chama betalactamase. Sabem o que essa enzima faz? Isso mesmo. DESTRÓI o anel betalactâmico, que é a “arma” da penicilina. Resultado: sem arma, sem ação, a bactéria vence.
E assim, ao longo destes 73 anos fomos desenvolvendo antibióticos novos e as bactérias foram desenvolvendo defesas específicas. E o mais impressionante: elas adquiriram a capacidade de passar estas informações para suas descendentes. Portanto, surgiram novas gerações bacterianas cada vez mais resistentes.
Por isso, a Organização Mundial de Saúde está preocupada. Especialistas estão preocupados. Esta é uma guerra que os antibióticos dificilmente vencerão. Por isso, há só uma atitude a tomar: controlar rigorosamente a prescrição e o consumo de antibióticos, restringindo seu uso às necessidades definidas em protocolos universalmente e cientificamente definidos.
Para todos fica a orientação: siga RIGOROSAMENTE a prescrição médica, NUNCA se automedique, JAMAIS interrompa o tratamento com antibióticos no meio e SIGA corretamente as instruções de uso, especialmente em relação aos horários e armazenamento da medicação.

Somos responsáveis por todas nossas atitudes. E a atitude de cada um pode interferir no macro e/ou no micromundo, afetando a existência saudável de todos no planeta. Pensemos nisso.
fonte:g1.globo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

verdade na expressão