O estado até já possui a lei 14.139, de 2010, que prevê o reconhecimento desse tipo de animal e garante que ele seja esterelizado e devolvido à comunidade mediante a assinatura de um termo integral de responsabilidade por um cuidador principal. Na prática, o que se vê são histórias de pessoas que lutam praticamente sozinhas em seus bairros para frear a violência praticada principalmente contra cães e gatos.
Adrielle Lindemberg, 29 anos, mora no Arruda, no Recife, e cria cinco cães, quatro deles retirados das ruas. Além disso, ajuda outros quinze que foram abandonados em um terreno do bairro onde está sendo construído um conjunto habitacional da Prefeitura do Recife. “À noite, coloco ração para eles e já consegui esterelizar quase todas as fêmeas pagando veterinários particulares. Cheguei até a ser proibida pelo engenheiro da obra de entrar, mas consegui autorização do Ministério Público para continuar meu trabalho”, explicou.
Adrielle Lindemberg já retirou da rua quatro cães, mas cuida de outros tantos que procuram abrigo em obra de habitacional no Arruda. Foto: Blenda Souto Maior/DP/D.A Press |
Um dos principais incentivadores da implantação de um projeto prevendo o animal comunitário no Recife é Luiz Leoni, da ONG Brala. “Existem pesquisas no mundo que apontam que 80% da população simpatizam com os animais e não querem vê-los sofrendo. Outros 5% odeiam animais e o restante das pessoas é apaixonada. Por isso hoje o poder público percebe que essa agenda rende votos”, pontua. Leoni conta que, há seis anos, viu um bom exemplo de animais comunitários em Campos do Jordão, no Rio Grande do Sul, onde dezenas de cães com coleiras podiam ser vistos soltos nas ruas. “Todos eram bem cuidados e estavam sob responsabilidade de um comerciante do lugar, que os abrigava à noite”.
Embaixo do viaduto
Em meio ao trânsito corrido da Avenida Agamenon Magalhães, pouca gente imagina que dezenas de cães e gatos vivem sob o viaduto do Tacaruna. Todos com histórias de abandono. Um grupo de defensores descobriu a situação dos bichos e hoje luta para mantê-los vivos.“Costumamos arrecadar dinheiro, através de doações e com a venda de lanches, para a compra de medicação e encaminhamento a veterinários particulares”, conta Katiusia Gomes.
Na contramão do abandono, Dasha, uma cadela sem raça definida, tem sempre um laço no pescoço. À noite, divide a cama com a estudante Juliana Moura, 23. A fêmea é um bom exemplo de guarda responsável, assim como a maioria dos cães que, como ela, circulam na Praça do Cachorro, próximo ao Parque da Jaqueira. “Se eu tivesse oportunidade, ajudaria a criar um animal comunitário”, comenta a estudante.
Ações oficiais tímidas
No Recife, apenas um local promove castração de cães e gatos gratuitamente. O Centro de Vigilância Ambiental (CVA), no bairro de Peixinhos, estaria fazendo 25 intervenções do tipo diariamente, segundo o secretário do Direito dos Animais, Rodrigo Vidal. A ação, na opinião de Luiz Leoni, da Brala, é insuficiente e não atinge o público que mais precisa do serviço. “As pessoas que levam seus animais para o CVA, em geral, têm carro e já costumam tratar seus bichos em veterinários. Quem mais precisa não tem veículo e não tem como fazer o percurso de outra forma, pois de ônibus também não é possível. Por isso são importantes as campanhas de castração em massa nas comunidades”, destaca.
O veterinário Gustavo Campos, membro da Comissão de Defesa e Bem-Estar Animal da Ordem dos Advogados do Brasil, também integra a rede de protetores e costuma baixar os preços da consulta nos casos encaminhados por outros defensores. “Na maioria das situações, trato bichos abandonados por seus donos porque estão doentes ou velhos. Eles chegam com muitos problemas de pele e viroses”, relata.
O secretário Rodrigo Vidal garantiu que estão previstas para março a castração em massa nas periferias da capital e o aumento do número de veterinários no CVA. Não há, no entanto, nenhum projeto para emplacar o animal comunitário no Recife. “Se a pessoa leva o cão ou gato para casa, podemos apoiar com a castração”, pontua. Na semana passada, a secretaria também lançou nas redes sociais uma campanha de lares temporários. A ideia é reunir voluntários para abrigar animais resgatados das ruas pelo poder público até que sejam encontrados lares para esses bichos. Os interessados na ação podem ligar para o número 3355.9413 e contarão com ajuda da Seda nos gastos com os cães e gatos.
1° passo
Conquistar a confiança do animal, oferecendo alimento e carinho
2 ° passo
Capturar o animal com a ajuda de uma coleira ou de uma toalha para evitar mordidas ou arranhões
3° passo
Levar o animal ao veterinário para castrá-lo e vaciná-lo
4° passo
Oferecer alimentação de boa qualidade
5° passo
Mantê-lo na casa de um voluntário, pois na rua ele corre riscos de
ser atropelado ou envenenado. Se isso não for possível, mantê-lo em uma rua tranquila ou isolada
TELEFONES ÚTEIS
Denúncias de maltrato:
Delegacia de Meio Ambiente: 3187.2119 ou 2123
Prefeitura da Cidade do Recife: 3355.8371
Castração:
Centro de Vigilância Ambiental:
3355.8639
Lares voluntários (PCR):
3355.9413
fonte: diariodepernambuco
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