São 26 cães e pouco mais de 100 gatos. Todos chamados pelos seus respectivos nomes, cada um com sua própria história de abandono, maus-tratos ou simplesmente indigentes em risco pelas ruas da cidade. Felizmente todos tem algo em comum: foram resgatados e hoje estão sob a proteção do Balaio de Gatos.
Quem observa Giane Farias lidar com seus protegidos enquanto realiza as tarefas do dia-a-dia no abrigo não imagina como ela consegue identificar cada um e dividir a atenção entre todos. “Eles têm suas particularidades, temperamento e dificuldades. Aqui damos nosso tempo para eles”, explica a coordenadora e criadora do Balaio de Gatos.
O abrigo é também a casa da família, formada pelo marido de Giane, Daniel Oliveira, e pela mãe, Terezinha Farias. Enquanto conhecíamos as instalações, Terezinha não parou nenhum instante com o trabalho, aproveitando o sol para lavar o quintal e as cobertas dos animais. “Minha mãe está com 63 anos, as vezes é difícil para ela, mas o trabalhos não pode parar”, diz.
O Balaio de Gatos não é uma entidade oficial. Questionada, Giane argumenta que para isso seria necessária toda uma estrutura. “Precisamos é de um grupo de pessoas comprometidas para cumprir a Lei da Guarda Responsável”, aponta. Para ela, a solução para controlar o número de animais abandonados seria um programa de castração, o que hoje não existe no município de Foz do Iguaçu (PR).
Muitos dos animais são resgatados doentes ou atropelados. Nestes casos, são encaminhados às clínicas veterinárias e também tratados em casa. Os tratamentos, assim como a alimentação são obtidos através de doações. No entanto, a situação atual do abrigo colocar o trabalho em risco.
Dificuldades
Recentemente Giane anunciou a possibilidade de encerrar a atividade do abrigo. O motivo é a dificuldade que tem encontrado para manter a estrutura e conseguir pagar mais um ajudante para auxiliar nos trabalhos diários.
“Hoje eu enfrento um câncer, desisti do tratamento, pois não consigo ajudar no serviço se fizer a quimioterapia”, revela Giane. O tumor localizado nos ovários foi descoberto há 11 meses e para retomar o tratamento seria necessário que ela se afastasse das tarefas no abrigo. “Atualmente temos apenas um colaborador fixo, fica difícil pagar alguém para trabalhar aqui”.
Estrutura
O Balaio de Gatos fica na própria residência da família, que foi totalmente construída para atender aos animais. Apesar de já estarem instalados desde outubro do ano passado, a obra ainda não foi concluída.
Os canis ainda precisam de conclusão e o quintal de um sistema de escoamento, já que em dias de chuva, a parte onde ficam os cães alaga. O gatil foi está praticamente concluído, mas ainda é necessário trocar a porta de madeira por um com tela para garantir o fluxo de ar no ambiente onde ficam os felinos.
Animais
Os cães e gatos resgatados pelo Balaio de Gatos estão disponíveis para adoção. Grande parte já está na fase adulta, mas também existem filhotes. “Temos um espaço separado para a maternidade. Muitos são resgatados prenhes ou com filhotes sendo amamentados”, comenta Giane.
Ela explica ainda que é possível apadrinhar os animais. “Existem casos em que a pessoa se apaixona pelo bichinho, mas por algum motivo não pode levar para casa, aí se torna madrinha ou padrinho”. Os padrinhos ficam responsáveis pelas despesas do animal, sem a necessidade de adotá-lo.
A adoção é uma das formas de manter o trabalho do Balaio de Gatos ativo. Todos os animais disponíveis estão saudáveis. “Eles são muito carentes de atenção, pois vários foram resgatados em situação de risco ou de sofrimento”, aponta.
Para adotar ou apadrinhar algum dos bichinhos do Balaio de Gatos é necessário entrar em contato com a tutora através do telefone (45) 3572-9498 ou pelo Facebook.
Impressões
No portão da casa, uma husky siberiana que insiste em “abraçar”. No alto do muro um gato tigrado e elegante observava desconfiado. O tamanho e a urgência de atenção da husky assustaram um pouco, mas logo a tutora Giane Farias avisou que aquilo é apenas carinho. E era mesmo.
A área onde ficam os cães (e alguns gatos também) é barulhenta e divertida. Alguns já debilitados pela idade e outros no auge da atividade manifestando toda vitalidade com pulos e latidos. A convivência entre eles é pacífica e apesar de cada um ter sua própria história parecem fazer parte de uma mesma família – até mesmo com os felinos.
Os animais e o ambiente são limpos apesar da pequena quantidade de pessoas para tantos bichos. Os banhos, segundo Giane, são dados em sistema de mutirão entre a família e alguns voluntários. Somente os cães encaram a água e sabão, já que gatos são dispensados desse tipo de atividade.
Quando perguntada, Giane disse o que move, o que leva alguém a abraçar uma causa como esta mesmo com tantas dificuldades:“só pode ser o amor”.
Fonte: H2 Foz
Nota da Redação: O abrigo precisa de ajuda para manter esses e outros animais. Para colaborar com doações, envie um e-mail para giane.farias@oi.com.br e informe-se sobre como ajudar.
fonte: anda.jor
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