ESTÔNIA
Por Patricia Tai (da Redação)
O caso da elefante fêmea que era explorada por um circo e que morreu em um rio na Estônia no mês passado, tem tido desdobramentos, desde que um vídeo que filmou a sua morte foi divulgado. A notícia vinha sendo tratada superficialmente na imprensa internacional como se o animal tivesse morrido no rio devido a uma fraqueza súbita mas, como o vídeo mostra, ela foi cruelmente afogada por um dos “tratadores”. As informações são da Care2.
Quando aconteceu, sua morte causou comoção e chamou a atenção para a exploração de animais em circos, e até houve rumores de que ela tivesse morrido devido aos maus-tratos durante a sua vida. O vídeo, com todo o poder documental da imagem que dispensa palavras, veio desvelar o caso e mostrar que o tratamento cruel a animais de circo vai muito além dos bastidores.
Pedidos de investigação começaram a surgir após a divulgação do vídeo na Internet.
O vídeo de 47 minutos foi filmado por pessoas que estavam no local e pareceu ter sido uma filmagem displicente. Nele se pode ver a elefante fêmea se afogando no rio por nítida negligência e culpa de um tratador. Após o homem pular sobre ela e derrubá-la, ela se agita desamparada debaixo da água e padece sem ajuda ou socorro.
A pobre elefante Madi tinha 48 anos de idade e era explorada no show de Daniel Renz, do circo itinerante Universal Circus Renz. O circo alemão estava em turnê na Estônia quando o incidente ocorreu no início de junho.
Aparentemente, Madi foi levada ao rio na cidade de Narva, na Estônia, para um banho. No início da filmagem, Madi parecia estar se divertindo na água, jogando água pelo seu corpo com a sua tromba. Certamente um dos poucos momentos de lazer e felicidade junto à natureza que ela tenha tido em toda a sua vida – talvez tenha sido o único. Sua alegria rapidamente termina quando um homem chega – o homem que irá tirar sua vida.
Os próximos minutos angustiantes do vídeo mostram o homem identificado como Rene Renz, irmão do dono do circo, Daniel Renz, pulando sobre o corpo submerso de Madi. Ele monta em Madi, e depois alternadamente fica de pé e salta sobre o seu corpo. Ele mesmo afunda os flancos de Madi na água e então sobe nela novamente para mais abusos.
Assim que Madi cai de lado e fica se debatendo como se não estivesse conseguindo se levantar, Renz sai de perto por um momento.
O homem logo volta, mas não faz nenhum esforço para ajudá-la a se equilibrar ou a erguer sua cabeça e tronco o suficiente para permitir que ela respirasse. O corpo dela começa a inchar. Dentro de minutos, Madi mergulha fundo na água e morre. O homem percebe que há algo errado, mexe na tromba de Madi e em seu corpo, fica olhando para ela e para as pessoas na areia, e nada faz.
O vídeo mostra de forma óbvia que as ações dele se sentando sobre o corpo de Madi, ficando em pé e pulando sobre ela tornaram impossível que ela endireitasse seu corpo e escapasse do afogamento.
Nenhuma ajuda chega, apesar de várias pessoas terem estado assistindo a cena, da areia. Um elefante está com o corpo todo submerso na água, debatendo-se e depois ficando imóvel, e algumas pessoas olhavam inertes como quem olha um objeto qualquer – olhavam mas não “viam”, e outras continuavam com suas brincadeiras, passavam e riam, totalmente alheias à cena.
Passado muito tempo, o grupo de pessoas percebe que ela está morta e tenta puxar o corpo para a superfície. Quando conseguem, Renz pula sobre o seu corpo de novo, notadamente brincando.
Isso é o que representou Madi para ele e para as outras pessoas o tempo todo: uma “coisa” com a qual brincar e sobre a qual pular como se fosse um grande objeto inanimado, algo que podia afundar na água e não precisava sequer respirar. A falta de sensibilidade para com o animal por parte das pessoas enquanto ela morria foi latente; a crueldade do tratador que a fez se afogar e não a ajudou, e depois ainda brincou sobre o seu corpo sem vida, é inaceitável.
Pouco tempo depois, vindo de repente, um pesado caminhão de lixo aparece para tirar o corpo da água.
As imagens deixaram claro que Madi estava abatida e frágil. De acordo com o grupo ativista de direitos animais Pro Wildlife, Madi não estava em condições de continuar sendo explorada em turnês com o circo, fato que eles já haviam denunciado anteriormente.
Antes da morte de Madi, foram apresentados pelo menos quatro pedidos de investigação contra o circo Renz, alegando que ela sofria abusos e maus-tratos nas mãos dos funcionários. Enquanto o circo estava na cidade de Talinn, manifestantes disseram que Madi havia levado socos. Enquanto durou a estadia, Madi parecia “velha e cansada”, de acordo com o diretor do Zoo de Talinn.
Este incidente poderá envolver outras consequências. Há suspeitas de que Madi nasceu na selva. A Estônia e a Alemanha são signatárias da Convenção de Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas (CITES) e, presumidamente, a família Renz fez uso de um elefante selvagem indiano, incorrendo em violação ao código da CITES que proíbe o uso de espécies ameaçadas de extinção em circos.
A imprensa da Estônia divulgou que veterinários fizeram uma inspeção nas condições de Madi em 17 de Maio, e declararam que ela estava saudável e bem alimentada, e que não havia sinais de abuso físico. Mas o veterinário que examinou o corpo de Madi após a morte determinou que ela faleceu de insuficiência cardíaca.
Segundo a imprensa, o domador de 61 anos de idade foi multado em 400 euros, por maus-tratos. Nesse momento, as autoridades não estão buscando acusações criminais.
O corpo de Madi foi enterrado em uma floresta próxima à cidade de Auvere. Assim terminou a triste vida de uma elefante abusada por um circo alemão, dentre tantos outros elefantes e animais explorados por circos pelo mundo.
A reportagem da Care2 lança um apelo: “Quando um circo chegar à sua cidade, lembre-se de Madi. Para alguns, pode ser fácil ignorar esta situação por ter acontecido na Estônia, e não no seu país. Mas a situação dos elefantes de circo são uma vergonha mundial. Esteja consciente do que você patrocina com seu dinheiro em nome de um suposto entretenimento”.
Na sequência, a Care2 comenta que os elefantes não podem dizer como são tratados pelos circos mas, neste caso, a elefante Madi mostra. O vídeo vem a calhar como uma denúncia franca e direta de como os “promotores do entretenimento” não se preocuparam nem um pouco com a vida desta elefante e permitiram que ela morresse devagar, sufocada em um rio, enquanto banhistas e espectadores assistiam e riam.
Que Madi possa se tornar um ícone dos animais explorados para entretenimento humano, e que sua história possa ajudar a fazer cessar essa prática pelo mundo. É interessante que o caso, juntamente com o vídeo, seja divulgado ao máximo.
Assine a petição pedindo que o circo Renz seja punido pela morte de Madi:
fonte:anda.jor
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