Por Patricia Tai (da Redação)
Os antigos egípcios domesticaram os gatos há 4 mil anos atrás, mas atualmente há pessoas de gosto duvidoso que estão trabalhando no caminho inverso: a recriação dos gatos selvagens. Segundo reportagem da Mother Nature Network, alguns criadores, entediados com as misturas de raças já conhecidas, estão cruzando gatos domésticos com felinos selvagens de médio porte para criar novas espécies.
De acordo com a The International Cat Association (TICA), o primeiro esforço para cruzar um felino selvagem com um gato doméstico aconteceu em 1963, quando Jean S. Mill “inventou” o Bengal a partir do cruzamento de um felino doméstico com a jaguatirica asiática. Ele pretendia criar o animal que tivesse a natureza amável de um conhecido gato e, ao mesmo tempo, a pelagem malhada associada aos leopardos, jaguatiricas e onças.
Desde então, uma fauna inteira de “leopardos de sala-de-estar” tem sido gerada, incluindo o Bristol (gato doméstico/leopardo), o Chausie (gato doméstico/gato da selva), o Cheetoh (Bengal/ocicat), o Jungle-bob (Pixie-bob/gato da selva) e o Pantherette (Pixie-bob/jaguaritica asiática).
E, talvez o mais popular de todos, o Savannah – metade gato doméstico, metade Serval africano.
O primeiro Savannah conhecido nasceu no dia 7 de abril de 1986, quando uma gata doméstica deu à luz a um gatinho gerado por um Serval, felino africano que pesa cerca de 16 quilos. A TICA aceitou o registro do Savannah como raça em 2001, e como espécie participante de campeonatos, em 2012.
O problema decorrente da criação de espécies exóticas de gatos selvagens é que isso passou a se tornar mais um negócio a explorar animais para fins lucrativos. Filhotes de Savannah, por exemplo, têm sido vendidos por preços entre 9 e 35 mil dólares, dependendo da porcentagem de Serval avaliada no cruzamento e também de outros fatores: a fêmea, por exemplo, custa mais caro; filhotes da terceira geração de cruzamento são mais “baratos” e – pasmem – mais recomendados comercialmente para as famílias, pois seu tamanho será previsível e oferecerão menos ameaça em lares onde há crianças e outros animais domésticos.
A reportagem da Mother Nature Network conta que, mesmo com estes preços exorbitantes, os gatos gerados a partir desses cruzamentos continuam a crescer em popularidade. Contudo, um artigo recente publicado no The New Yorker observa que a proliferação dos gatos “metade selvagens” é controversa. Organizações defensoras de direitos animais denunciam a prática, segundo o artigo, e acusam as complicações causadas para os próprios animais por esta reprodução entre espécies.
Nova York é uma das cidades onde é proibida a tutela de um Savannah, a menos que o animal esteja pelo menos na quinta geração.
Ainda assim, gatis continuam a reproduzir estes felinos e enviá-los ao redor do mundo. Criadores se gabam deste feito. Judy Sugden, por exemplo, afirma que se considera uma artista, e que “projeta e constrói gatos”, segundo a reportagem.
A Big Cat Rescue, provavelmente o maior santuário do mundo dedicado a felinos de grande porte abandonados e abusados, diz em seu site a respeito de híbridos: “Nós abrigamos muitos que já tiveram lares e foram abandonados. Inúmeros tiveram que ser afastados dos demais pois não podiam ficar soltos e precisavam ter as mesmas jaulas que linces e pumas”. Muitos dos gatos gerados a partir destes cruzamentos apresentam ainda forte instinto selvagem, e brigam facilmente com outros animais.
“Permitir a tutela de gatos híbridos é como lançar uma bomba nuclear”, acrescenta o santuário.
- fonte: anda.jor
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