Lavrada perdeu as forças. De tão fraca, a vaca foi posta de pé por uma tipoia. Recebeu a melhor ração da fazenda por oito dias, quando o fazendeiro Ulisses de Souza Ferraz, 83 anos, de Floresta, município sertanejo distante 434 km do Recife, deu-se por vencido. Com a ajuda do vaqueiro Cláudio Olímpio de Sá, 58, Ulisses cortou os panos e desatou os nós das cordas que sustentavam Lavrada. O animal vítima da seca despencou por completo no chão. Não havia mais o que fazer. Ou melhor, restava esperar a hora da morte de vaca, que tinha bezerro novo.
O que acontece na fazenda de Ulisses não é fato isolado nos 78 municípios pernambucanos - no Sertão, Agreste e Zona da Mata - com situação de emergência decretada. Com a escassez de água e de alimentos, os criadores veem a estiagem vencer os animais. O fazendeiro já perdeu quatro reses. “Sei que esse número pode aumentar”, lamentou Ulisses. O temor maior dele é com o açude, de nome Recanto, de sua fazenda. Se não chover nos próximos dias, o reservatório, que acumula cerca de 10% da água de sua capacidade, deve secar.
A possibilidade de o açude ficar vazio assusta a aposentada Juviniana Constança de Jesus, 73. Dali, a agricultora tira a água para o pequeno rebanho, do qual ela cuida. Desde novembro, Juviniana dedica grande parte do dia para manter três vacas, seguras por tipoias, de pé. É um gesto de teimosia e apego aos animais. As vacas, segundo ela, não valem nem metade do que já gastou. A peleja para salvar os bichos começa na madrugada e segue por todo o dia. Se os animais caírem, explica Ulisses, as pernas adormecem e aos poucos todas as forças desaparecem. A partir daí, a morte torna-se inevitável.
“Dói ver um animal morrer porque não choveu”, lamenta Juviniana. Em Floresta, a última chuva capaz de juntar água nos reservatórios foi registrada em novembro do ano passado. Desde então, serenos esporádicos acontecem, o que é insuficiente para se criar pasto e juntar água. Sem isso, a vegetação murcha. O que resiste é aproveitado para alimentar o gado. Até o xique-xique, cacto de muitos espinhos, está sendo aproveitado. Criadores têm vendido as reses, os cavalos e as cabras a baixo preço. Em Tabira, a 404 km do Recife, vacas e bois já foram abandonados por não terem compradores.
pernambucoO que acontece na fazenda de Ulisses não é fato isolado nos 78 municípios pernambucanos - no Sertão, Agreste e Zona da Mata - com situação de emergência decretada. Com a escassez de água e de alimentos, os criadores veem a estiagem vencer os animais. O fazendeiro já perdeu quatro reses. “Sei que esse número pode aumentar”, lamentou Ulisses. O temor maior dele é com o açude, de nome Recanto, de sua fazenda. Se não chover nos próximos dias, o reservatório, que acumula cerca de 10% da água de sua capacidade, deve secar.
A possibilidade de o açude ficar vazio assusta a aposentada Juviniana Constança de Jesus, 73. Dali, a agricultora tira a água para o pequeno rebanho, do qual ela cuida. Desde novembro, Juviniana dedica grande parte do dia para manter três vacas, seguras por tipoias, de pé. É um gesto de teimosia e apego aos animais. As vacas, segundo ela, não valem nem metade do que já gastou. A peleja para salvar os bichos começa na madrugada e segue por todo o dia. Se os animais caírem, explica Ulisses, as pernas adormecem e aos poucos todas as forças desaparecem. A partir daí, a morte torna-se inevitável.
“Dói ver um animal morrer porque não choveu”, lamenta Juviniana. Em Floresta, a última chuva capaz de juntar água nos reservatórios foi registrada em novembro do ano passado. Desde então, serenos esporádicos acontecem, o que é insuficiente para se criar pasto e juntar água. Sem isso, a vegetação murcha. O que resiste é aproveitado para alimentar o gado. Até o xique-xique, cacto de muitos espinhos, está sendo aproveitado. Criadores têm vendido as reses, os cavalos e as cabras a baixo preço. Em Tabira, a 404 km do Recife, vacas e bois já foram abandonados por não terem compradores.
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