sexta-feira, 18 de maio de 2012

Crise faz crescer abandono de animais nos EUA


Voluntário resgata cão abandonado (Foto: EFE)
Grupos de voluntários patrulham as zonas rurais nas proximidades dos pântanos dos Everglades, no sul da Flórida, nos EUA, para resgatar cachorros abandonados por seus tutoress nessa área inóspita, onde habitam crocodilos e enormes serpentes.
Sob o sol inclemente de Homestead, no condado de Miami-Dade, voluntários patrulham as zonas rurais nas proximidades dos pântanos de Everglades, no sul da Flórida, e passam grande parte do dia percorrendo caminhos de terra, longe dos centros povoados, buscando cães de todos os tamanhos e raças, que uma vez foram os animais de companhia de famílias e agora perambulam desnutridos, sedentos e doentes por áridos campos e perigosos pântanos.
Coleiras: o único vestígio do antigo lar
Alguns dos cachorros ainda têm coleiras com seu nome, o único vestígio de terem sido animais criados em uma casa, onde dependiam dos seres humanos para comer e se manter saudáveis.
Por medo e insegurança, em algumas ocasiões eles se escondem debaixo de casas móveis ou galpões abandonados, talvez com a esperança de que seus tutores retornem por eles. Outros caminham na margem da estrada tentando encontrar o caminho de volta para casa e nesta tentativa são atropelados.
No chamado “Caminho dos cachorros mortos”, as pessoas abrem as portas de seus veículos e ordenam seus animais de companhia a descer, para depois seguir com toda velocidade, uma situação que se repete, em parte pela crise econômica que impede as famílias de manter suas casas e seus trabalhos.
(Foto: EFE)
O desemprego na Flórida ronda 9,4%, acima da média de 8,2% dos Estados Unidos, e milhares de pessoas enfrentam embargos hipotecários ao carecer de recursos para cumprir com o pagamento dos créditos dos imóveis.
A esse quadro dramático se soma o fato de que alguns dos tutores de animais de companhia carecem dos conhecimentos básicos sobre o cuidado dos cachorros e sobre a importância de operá-los para evitar que se reproduzam, vaciná-los e eliminar os parasitas.
Mirta Maltes, uma guarda-florestal que trabalha no Parque Nacional Everglades, a única reserva subtropical dos Estados Unidos, é uma das voluntárias que dedica seu tempo livre a localizar cachorros nos lugares mais isolados da região.
‘Comecei sozinha, depois me uni a outros grupos de resgate e durante 2011 recuperamos cerca de 170 cachorros’, diz Mirta. Com seu grupo de resgate ‘Chain of Love Abandoned Dogs Everglades’, Mirta salvou 25 cachorros este ano.
‘Nos últimos três anos aumentou o problema pela crise econômica e imobiliária. Algumas pessoas que ficam sem trabalho agarram seus animais e os atiram em campos onde não há nada, são plantações de bananas, de palmas, onde para chegar é preciso ir em caminhos de terra’, diz Mirta.
Houve um dia, ela lembra, que abandonaram 11 cães, incluindo uma cadela com 7 filhotes. Nesses locais, além de estarem expostos a temperaturas de 30 graus centígrados e umidade de 64%, os cães correm o risco de ser mordidos por serpentes. Há quatro espécies venenosas: a cascavel diamantina do leste, a cascavel pigmeia, a Cottonmouth e a coral.
‘Nesses campos não há nada para comer, quando nós os encontramos muitos estão no osso, com sarna e outras doenças’, diz Mirta.
Cães podem terminar como alimento de crocodilos
‘Em uma ocasião um homem tirou de sua irmã dois cachorros e os soltou em um dos centros de visitantes do parque onde as pessoas observam os crocodilos. Um dos cachorros estava tão atemorizado que correu e entrou embaixo de uma das pontes de madeira. Ao caminhar pela margem da água, um crocodilo o pegou’, disse a guarda-florestal.
(Foto: EFE)
Caso não termine nas poderosas mandíbulas dos crocodilos, o cão pode ser o aperitivo de uma enorme píton birmanesa, uma espécie que foi deslocada de seu habitat e em virtude disso tem devastado os mamíferos dos Everglades, parque que cobre 1,5 milhão de acres do sul do estado da Flórida.
Um estudo da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos determinou que entre 2003 e 2011 a população de guaxinins caiu 99,3%, as raposas 98,9% e os linces 87,5%.
A queda, segundo o relatório, tem relação com a propagação das pítones, enormes serpentes da Ásia que foram libertadas na região por pessoas que as mantinham como animais de estimação, e outras escaparam de instalações científicas quando o poderoso furacão ‘Andrew’ destruiu parte do sul da Flórida em 1992.
Mas há mais perigos para os cachorros abandonados nos campos circundantes dos Everglades: serem alvo das pessoas que utilizam essas áreas para praticar tiro ao alvo, ou serem capturados para servir como isca de carne para treinar cães de briga.
(Foto: EFE)
‘Por favor, não abandone os animais em zonas inóspitas, isoladas. Você pode levá-los a um refúgio, a um grupo de resgate de animais ou deixá-lo em uma estação de bombeiros’, recomenda Mirta.
Os grupos de voluntários tentam resgatar uma grande quantidade de cachorros para evitar essa sorte, no entanto, eles afrontam suas próprias limitações: faltam recursos financeiros, um refúgio de animais no local e leis que transformem em obrigatório operar os cães.
‘São necessárias doações e clínicas móveis que visitem Homestead para operar os animais, além de educar as pessoas. Dependendo do tamanho do cachorro há um custo veterinário entre US$ 150 e US$ 230, o que aumenta se ele sofrer de verme do coração, porque para erradicar essa doença o tratamento começa em US$ 400′, informa Mirta.
Seu próprio grupo de resgate, que entrega para adoção os cachorros já operados, precisa achar veterinários que doem seu trabalho ou façam a um custo muito baixo, e outros voluntários que ajudem a criar um site, além da página no Facebook que eles já possuem, para colocar as fotos dos cães resgatados e as formas para aqueles que desejam ser guardiões temporários.
Fonte: MSN



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