quinta-feira, 24 de maio de 2012

Revoada de borboletas é a nova moda em casamentos do exterior

Para transportar os bichos pelo País, os borboletários utilizam-se do método da diapausa

Você já ouviu falar da revoada de borboletas vivas em casamentos? Esta moda que chegou do exterior está conquistando cada vez mais os pombinhos brasileiros.
Ainda são poucos os estabelecimentos no País que atendem à demanda de casais que querem este espetáculo em seu evento. Localizado na Bahia, o Borboletário Encanto é um dos criadouros que distribuem borboletinhas para todo o Brasil.
No ramo da criação de borboletas para eventos há três anos, eles só receberam a licença do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) recentemente.
Sara Regina Tranhoz, dona do borboletário, explicou que a criação das borboletas varia de acordo com os pedidos recebidos.
— As pessoas devem fazer a encomenda com pelo menos um mês de antecedência, é o tempo que demora para criar as borboletas e deixá-las aptas para o transporte.
Para enviar os animais para todo o Brasil, a equipe de Sara utiliza-se do método da diapausa, uma espécie de hibernação dos insetos.
— As borboletas são enviadas com a embalagem escolhida pelos noivos e com a documentação necessária. Para o transporte, elas são colocadas em caixas totalmente escuras e expostas a um processo de resfriamento, ou com uma pedra de gelo ou com o próprio ar condicionado, isso faz com que elas fiquem tranquilas e paradas até hora de serem soltas no evento.
Os animais só são embalados com, no máximo, um dia de antecedência, tudo para não causar um estresse desnecessário. Após a liberação, as borboletas vivem livremente na natureza por um período que varia de 20 dias a um mês.
Para saber se esse tipo de prática não causa traumas ou diminui a expectativa de vida dos animais, a imprensa foi conversar com o biólogo e especialista em borboletas Marcelo Duarte da Silva, do Museu de Zoologia da USP (Universidade de São Paulo).
— A diapausa é um processo natural que diminui o metabolismo dos animais. Ele também ocorre na natureza quando há quedas bruscas na temperatura. O problema da diapausa induzida é se o choque térmico for muito forte, aí sim pode acarretar danos maiores nos animais, já que o metabolismo pode demorar muito para voltar ao normal. Caso contrário, não gera traumas nas borboletas.
Ainda segundo o biólogo, o grande problema deste tipo de prática são as consequências ambientais que ela pode causar.
— A preocupação de soltar uma população estranha dentro de outro ecossistema é a troca entre as populações. Aqui no Brasil não existem muitos estudos sobre este assunto, mas uma série de processos graves podem ser desencadeados por causa desse desequilíbrio ambiental.
Além dos danos ao meio ambiente, Marcelo da Silva diz não concordar com a criação de animais silvestres para fins comerciais.
— Não soa biologicamente correto. Para mim, criar borboletas para soltar em casamentos é a mesma coisa que pegar um monte de macacos e soltar em eventos. Eu sou contra a prática.
Ecologicamente correto ou não, a verdade é que os borboletários estão recebendo cada vez mais pedidos. Na empresa de Sara Tranhoz, a dúzia de borboletas já embaladas custa R$ 78 sem frete. O preço mínimo a se pagar para ter um espetáculo da natureza em seu casamento.
180graus.

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