domingo, 13 de maio de 2012

Refúgio biológico recupera animais encontrados doentes ou feridos


Depois de recuperados, eles são devolvidos à natureza. E outros, dependendo das condições, são mantidos no refúgio.


Encantos e mistérios da natureza, no Paraná: o que a harpia, uma das maiores e mais ferozes aves de rapina do mundo, tem em comum com o cachorro vinagre, este bichinho de cara simpática que se esconde em tocas debaixo da terra?
A resposta está nos centros ambientais da hidrelétrica de Itaipu. No refúgio biológico, do lado brasileiro, pesquisadores tentam dar nova vida às matas que contornam o lago.
Os bichos encontrados doentes ou feridos na mata e também os apreendidos em operações de combate ao tráfico de animais vem para o refúgio. Depois de recuperados, eles são devolvidos à natureza. E outros, dependendo das condições, são mantidos aqui.
O urutau está com a asa machucada e passa por um exame completo. O raio-x mostra uma fratura e o urutau precisa ser levado para a cirurgia.
“Para ele sobreviver na natureza, ele é uma ave insetívora, ele precisa ter plena capacidade de vôo. E isso só é possível se a ossificação for perfeita”, afirma o médico veterinário Zalmir Cubas.
A coruja do mato e a cuíca já tiveram alta. Hoje, vão ser soltas num bosque dentro do refúgio. Desconfiada, a corujinha precisa de ajuda para sair da gaiola. Já a cuíca não via a hora de se sentir livre novamente. Tratado com toda a mordomia, o casal de antas vive na preguiça. Os filhotes nasceram há poucos meses e passam boa parte do tempo deitados à sombra.
A reprodução em cativeiro de animais silvestres é um dos maiores desafios para a equipe. No caso das harpias, o namoro é complicado. Quando se entendem, formam um casal pra vida toda.
Mas, na natureza, a fêmea, que é muito maior, chega a matar o macho se vê nele uma ameaça. As armas são as garras enormes, com dedos maiores que os de um urso pardo. Por isso, os biólogos precisam testar a aproximação do casal muito lentamente.
“A gente juntou as técnicas de outros locais e estudou o comportamento delas e conseguiu o resultado com recintos de isolamento, com recinto com boa alimentação”, conta o biólogo Marcos Oliveira.
A estratégia vem dando certo. Em três anos, 11 filhotes de harpia nasceram no refúgio. Estas aves estão praticamente extintas no Paraná.
“Quando tiver um numero ideal de animais pra poder preservar a espécie a gente então pretende partir para um projeto mais audacioso pra poder devolver um animal desse para a natureza”, diz Marcos Oliveira.
O gato maracajá é outro animal ameaçado que também está na mira dos pesquisadores. Depois de muito corre-corre, o felino finalmente cai na rede. Ele é sedado, passa por uma bateria de exames e tem o sêmen coletado. O material é analisado em um microscópio para saber se o animal já está na fase reprodutiva. E se o sêmen poderá ser congelado para futuras experiências de reprodução em laboratório.
“Nós poderíamos em tese utilizar este sêmen num animal que está em Curitiba alojado no zoo de Curitiba. Ou mesmo poderíamos preservar por 20, 30, 40 anos pra no futuro utilizar o material genético”, explica o veterinário Renato Erdmann.
Para um tipo de porco do mato, as experiências de reprodução foram um sucesso. Boa parte destes taguás nasceu no centro ambiental da Itaipu do lado do Paraguai.
A espécie, que já tinha sido considerada extinta, foi reencontrada em uma das regiões mais isoladas do pantanal paraguaio nos anos 70.
Repórter: Além do nome científico, os animais também são identificados pelo nome em guarani. Este aqui é o jagua yvyguy. Eu falei certo?
Andrés Dure – diretor do centro ambiental: Correto. Jagua que significa, em guarani, para vocês, cachorro. Yvuguy, que vive embaixo da terra, jagua yvyguy.
Repórter: Então cachorro da terra.
Andrés Dure: Da terra, correcto.
Repórter: Que no Brasil nós conhecemos como cachorro vinagre. E aqui eles conseguiram a reprodução em cativeiro de um animal super ameaçado de extinção.
De aparência atarracada, o cachorro vinagre não chama a atenção de caçadores. Mas entrou na lista dos animais ameaçados porque as matas onde ele vive estão desaparecendo.
Em 20 anos de estudos, os pesquisadores conseguiram fazer com que 150 filhotes nascessem no zoológico.
“O zoológico tem basicamente dois objetivos: um é a educação ambiental. O outro é a reprodução. Tentar preservar especificamente aquelas espécies que estão em perigo de extinção”, conta Andrés.
Andrés Dure ajudou a construir este centro de pesquisa 30 anos atrás. Agora, às vésperas de se aposentar, vive um dilema:
Sabe que a equipe está pronta para assumir os trabalhos, mas diz sentir um aperto no coração cada vez que pensa em se retirar deste ambiente.
“É muito difícil. Nós devemos aos animais que estão aqui o bem estar das nossas famílias e, portanto, devemos retribuir e dar uma atenção especial a eles para que, mesmo em jaulas, possam viver bem e se reproduzir em boas condições”, completa Andrés Dure.
 fonte: g1.globo

Nenhum comentário:

Postar um comentário

verdade na expressão