Por Rafaela Pietra (da Redação)
O proprietário de uma empresa de recuperação de resíduos perigosos na cidade de Catalão denunciou ontem, dia 17 de dezembro, em entrevista ao Jornal da Manhã, a matança de animais encontrados vagando em rodovias ao redor da cidade, em Goiás.
Álvaro Barbosa da Silva afirma que a PM de Catalão tem ordens de assassinar os animais que fogem dos sítios em que são explorados, em busca de alimento fresco. “Os animais fogem das fazendas em busca de pasto verde, pois não existe mais o verde nos sítios, sempre de tamanho pequeno. Tem animal que, no período da seca, ninguém segura. E nas rodovias, com o capim que as margeia sempre bonito, nenhum arame ou outro tipo de cerca o impede de sair. Os animais vão buscar a sua alimentação. E o capitão Albernaz manda matá-los. E a polícia dele cumpre a ordem na maior satisfação”, alega.
O “capitão Albernaz”, a que se refere Álvaro, é Gladstone dos Santos Albernaz, o oficial Albernaz, da 1ª CIPM na Rodovia 020, no comando do Batalhão de Trânsito de Catalão.
Álvaro Barbosa é franco ao dizer que considera o capitão Albernaz de uma “insanidade sem cura. Se julga o todo-poderoso, não respeita e não aceita o diálogo”. Ele falou sobre o capitão e suas estripulias no comando do Batalhão de Trânsito de Catalão, na matança de animais(principalmente) “que não lhe pertencem”. “Esses animais aparecem famintos na rodovia, na esperança de encontrar o capim verde. Estão fugindo do mato seco onde são criados. E Albernaz ordena, com ódio, a matança de todos.”
“O capitão, segundo eu fiquei sabendo, fez uma portaria sobre o assunto. Verdade! Para mim, a portaria é insana, louca, intempestiva. É assinada por uma pessoa que não sabe o que está fazendo. Ele não tem noção da gravidade do crime que está autorizando a praticar de maneira insensata, principalmente por ser o comandante da Polícia Rodoviária Estadual. Esta portaria é o reverso, uma política louca, principalmente num país que tem necessidade de comida. Imagina quem manda matar um animal indefeso. É de uma crueldade sem limites. Trata-se de um crime ambiental cuja covardia precisa ser evitada com urgência. Não existe perversidade maior que essa”, alega Álvaro.
A Polícia Militar, também em entrevista ao jornal, nega as afirmações de que haveria ordem para matança de animais. Segundo o comandante do policiamento rodoviário estadual, coronel Avelar Lopes de Viveiros, há uma autorização oficializada por parte do Ministério Público Estadual, do promotor de Catalão, para que isso aconteça. “Somente quando o tutor do animal não for encontrado. O abate acontece em último caso”, explica.
Os animais, na maioria vacas, cavalos e cabras, ficam soltos às margens das rodovias. Os policiais, segundo o comando rodoviário, têm o dever de levar o gado até a fazenda dos tutores. Em casos extremos, ainda conforme o comando, é autorizado o abate, se não for identificado o tutor do animal.
O coronel Viveiros ressalta que apenas três animais foram mortos por policiais, a tiros, durante esse ano. Já Álvaro diz que “mais de 10 foram abatidas por policiais nesse ano. Acontece que isso é um exagero, de qualquer parte. Seja da polícia ou do Ministério Público”, diz o empresário.
Quanto às alternativas, o próprio Álvaro já as declara. ”Eu mesmo me proponho a guardar esses animais fugitivos. Ou retornar com eles ao convívio no sítio. Como fazer? O capitão Albernaz ou os guardas, ali mesmo, não vão gastar mais que minutos, basta que telefonem que eu mando o caminhão buscar. O dono pode até pagar uma taxa pequena e tudo fica em paz de novo”, alega.
A disputa de egos publicada pelo jornal denuncia uma questão muito séria no estado: a matança indiscriminada de animais inocentes. Mas, até que ponto os animais realmente importam nesta discussão? O caso é a preocupação com a vida destes seres ou com o “prejuízo” que a perda destes animais acarreta à seus exploradores tutores?
A discussão sempre gira em torno do humano, mas, quem paga, são sempre os animais.
Nota da redação: O que ocorre é mais um jogo de interesses. Em pequenas regiões do Brasil, ainda reina a arrogância dos pequenos comandos. O capitão, conforme declarado na matéria se julga dono e senhor da ordem na região. E quem paga, como sempre, são os animais. Como se já não fosse suficiente a exploração pecuária à qual são submetidos durante toda uma vida, na esperança de fugir para se alimentar, estes animais são capturados como criminosos. Na impossibilidade de devolvê-los às mãos de seus algozes tutores, são assassinados. O crime se inicia na ideia de que animais são propriedade e de que podem ser “descartados” no caso de não ser possível devolver. O absurdo parte até das boas intenções. A ANDA vai continuar a acompanhar o caso.
fonte: anda
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