terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Desmatamento e invasão de reserva florestal força animais a fugirem de seu habitat



Uma reserva de Mata Atlântica, em Paulista, na Região Metropolitana do Recife, está sendo devastada para dar lugar a um loteamento irregular. O local, conhecido como Campo de Aviação, é constantemente invadido e vários lotes foram cercados por estacas e arame farpado. Animais que habitavam a floresta, como saguis, preguiças e cobras, fugiram para casas vizinhas, assustando moradores e correndo perigo.
O terreno de 166 hectares pertence a uma construtora. O local era antiga pista de pouso da família Lundgren, que abriga hoje um Centro de Formação da Polícia, um campo de futebol e um canteiro de obras. Auto-escolas também usam o local para ensinar alunos a dirigir. Parte da área foi desapropriada pela prefeitura para a construção do Instituto Federal de Educação.
Para dar espaço ao prédio, o campo de futebol será transferido para a parte de trás do terreno, onde há um trator trabalhando diariamente. Mas algumas pessoas aproveitaram a retirada de vegetação e começaram a desmatar outra área, uma reserva de Mata Atlântica, que deve ser preservada.
Crimes ambientaisUm morador de Maranguape gravou imagens de troncos de árvores sendo enterrados para não chamar atenção dos fiscais do meio ambiente. A área desmatada está se transformando em loteamento irregular. A equipe de reportagem do NETV flagrou várias pessoas montando cercas de arame farpado e estacas de cimento para demarcar os lotes.
Um homem que não quis se identificar confirmou que estava colocando cercas para demarcar o seu lote. “Se por acaso der certo, como em muitos terrenos acontece, para quem não tem uma casa, eu vou [construir a casa]. Não sei o que vai acontecer, eu não estou negociando nada [com a prefeitura]“, falou.
A lei determina que as árvores só podem se derrubadas com autorização da Agência Pernambucana de Meio Ambiente (CPRH). A equipe de reportagem percorreu todo o terreno e não encontrou nenhuma placa com a indicação de que o desmatamento nesta área foi permitido. Também foi flagrado outro crime ambiental: a retirada de areia, fundamental para a proteção do solo.
Leonardo Alves, representante da empresa dona da área, disse que as invasões começaram há um mês. “Acontece quase diariamente as tentativas de invasão. O pessoal invade, a gente retira de manhã e eles volta à tarde. Nós já acionamos a Justiça, com reintegração de posse, para que possamos preservar não só o nosso patrimônio como também o ambiental”, disse.

Resgate de animais
Por causa do desmatamento, bichos estão fugindo para casas próximas à mata. Adriano Artoni é ambientalista voluntário e foi chamado pela população que não sabe o que fazer com os animais que invadem as residências. “Para a minha surpresa, esse bioma está sendo desmatado, e os animais estão fugindo para residências e comércios. Então, faço o resgate e, dependendo da situação, solto em outro bioma ou levo para o Ibama”, explicou. Ele informou que resgatou 18 cobras, além de saguis, gaviões e bichos preguiça na região.
Invasões são comuns
As invasões de área de proteção ambiental têm sido constantes em Paulista, segundo o secretário municipal de Meio Ambiente, Alcides Leitão. “Cerca de três ou quatro áreas que estão, hoje, sob ação seja de reintegração de posse ou de notificação dos proprietários em áreas de preservação permanente”, informou.
O secretário afirmou que reuniu-se, recentemente, com a Promotoria de Meio Ambiente de Paulista, que se comprometeu a realizar audiências públicas para tratar o problema. No fim da manhã desta segunda-feira, dia 17, policiais da Companhia de Meio Ambiente e do Batalhão de Paulista estiveram na área para garantir proteção ao trator que fez a retirada das cercas.
Fonte: G1

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