Um projeto de lei em Brasília promete causar rebuliço entre os tradicionalistas. Pela proposta do deputado federal Ricardo Tripoli (PSDB-SP), fica proibida a perseguição de animais durante rodeios em todo o país, o que atingiria a prova do tiro de laço, a mais disputada entre as competições.
O texto do projeto cita provas realizadas durante a Festa do Peão de Boiadeiro, em Barretos (SP) e refere a morte de um animal que teve a coluna vertebral quebrada durante uma prova.
“Onde tem maus-tratos de animais, nós devemos abolir o processo e retirá-los [os animais]. Era também uma cultura brasileira a escravidão, e hoje não é mais”, argumenta o deputado.
A proposta precisa, antes de ir a plenário, ser aprovada nas comissões de Turismo, Meio Ambiente e de Constituição e Justiça.
O presidente da Confederação Brasileira da Tradição Gaúcha (CBTG), Manoelito Savaris, está pedindo aos dirigentes de entidades filiadas para que pressionem os deputados em cada Estado a votarem contra a proposta. “Os rodeios trabalham com animais, mas não os submetem ao sofrimento. Se eventualmente isso acontecer, a gente fiscaliza e pune”, alega Savaris.
Na bancada gaúcha do Congresso, o projeto repercutiu negativamente. “O animal gosta de pular, o cavalo gosta de saltar, correr, ou seja, nós vamos negar isso? Eu não vejo como o Congresso Nacional vá poder aceitar isso”, afirma o deputado federal Onix Lorenzoni (DEM), que se diz contrário a proposta.
O deputado Vilson Covatti (PP) também promete votar contra, caso o projeto passe pelas comissões e vá a plenário. “Não é nos rodeios que está se judiando, maltratando animais, nós estamos, acima de tudo, garantindo uma atividade cultural que nasceu na essência, na cultura”, defende Covatti.
A proposta tem o apoio de muitas organizações ambientalistas, como a ONG Chicote Nunca Mais, de Porto Alegre. A advogada da entidade, Marcia Soares, define o rodeio como um “circo de horrores”.
“O projeto é decorrência não apenas do reclamo das entidades de proteção animal, mas de toda a sociedade”, comemora Márcia.
Para o Ministério Público, é possível conciliar tradição com bem estar animal. Nos Campos de Cima da Serra, acordo entre a promotoria e o CTG Porteira do Rio Grande, que organiza o rodeio de Vacaria, criou regras que proíbem, por exemplo, esporas pontiagudas. E o cumprimento dessas normas é fiscalizado por uma ONG de proteção animal. Este ano, Ministério Público e MTG assinaram um acordo para fiscalizar uma lei de 2002, que regula os rodeios no Estado do RS.
Debate
Hoje, 18 de dezembro, às 22h, haverá debate no programa Conversas Cruzadas, da TVCOM / RBS, sobre o projeto de lei do deputado Ricardo Tripoli que proíbe perseguições seguidas de laçadas e derrubadas de animais em rodeios e eventos similares. A advogada Marcia Helena Suarez, da Chicote Nunca Mais, e Eliane Carmanim Lima, socióloga e ativista vegana, estarão falando em defesa dos animais. Há pesquisa interativa ao longo do programa, que exibe manifeestações dos telespectadores e internautas. Em Porto Alegre é no canal 36, e pela internet é no link http://www.tvcom.com.br/site/ noar.php.
fonte:anda
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