No dia em que se assinala o primeiro aniversário da tragédia na central nuclear de Fukushima, no Japão, contamos-lhe a história de uma mulher britânica que gere um abrigo animal em Osaka e que lança fortes críticas à forma como o governo nipónico deixou os animais ao abandono.
Elizabeth Olivier, que vive no Japão desde 1968 e dirige o Refúgio Animal de Kansai desde 1990, tomou a seu cargo mais de 200 cães, pelo menos 25 gatos, uma marmota e um papagaio abandonados pelos donos na zona de exclusão à volta da central nuclear de Fukushima, conta o jornal britânico The Telegraph.
Mas pouco pôde fazer em relação aos milhares de animais de quinta que foram deixados à morte nos estábulos por toda a província.
“A situação dos animais de companhia e de quinta tem sido uma confusão desde a tragédia, com muitos deles a morrerem de fome ou desidratação. Há também casos de canibalismo”, conta Elizabeth Olivier, 70 anos. “O governo não fez nada para ajudá-los”.
“Oficialmente, existiam 5900 cães registados naquela área, o que significa que o número real deve ser o triplo, uma vez que a maioria dos proprietários não regista os seus animais”, continua. Os animais que conseguiram sobreviver ao inverno rigoroso formaram matilhas e começaram a procriar.
“Este vai ser um grande problema para o governo, uma vez que estes animais se vão tornar selvagens. Como vai demorar pelo menos 40 anos a descontaminar a zona, isso significa que matilhas de cães selvagens a vaguear pela área”, alerta.
Todos os cães resgatados pelo abrigo sofrem de problemas cardíacos, nenhum está castrado ou tem microship e a “maioria nunca viu uma escova na vida”.
Nos primeiros seis meses após a tragédia, o veterinário do Refúgio Animal de Kansai castrou 638 animais nas áreas afetadas pelo acidente nuclear.
No final de janeiro, o governo disse a 195 proprietários que estavam autorizados a entrar na zona de exclusão para resgatar os seus animais de estimação, embora nenhum tenha sido encontrado nas poucas horas em que permaneceram no local. Mas mesmo que os tivessem encontrado, dificilmente conseguiriam capturá-los.
“Muitos cães e gatos deixados para trás estão muito nervosos e desconfiados e dificilmente se deixam apanhar”, sublinhou Elizabeth Olivier.
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