MORTE DE YORKSHIRE MOBILIZOU MILHARES; APRESENTADORA LUISA MELL LIDERA MOVIMENTO E CONVIDA AS PESSOAS PARA IR ÀS RUAS DIA 22 DE JANEIRO POR UMA LEGISLAÇÃO MAIS RÍGIDA; CERCA DE 30 CIDADES JÁ CONFIRMARAM; EM SALVADOR, MANIFESTAÇÃO COMEÇA ÀS 8H30
A repercussão do caso da enfermeira que espancou até a morte a cachorra Lana, da raça Yorkshire, em Goiás, tomou proporções nunca antes registradas em relação à proteção dos animais. A internet, e principalmente as redes sociais, foram pontos de partida para um grande movimento de revolta de centenas de pessoas, que se manifestaram contra a violência registrada por uma vizinha da agressora, que publicou o vídeo no YouTube. Impulsionada por esse caso, foi criada a manifestação Crueldade Nunca Mais, também pela web, com a participação da apresentadora e modelo Luisa Mell, que convida a todos os que ficaram indignados, tanto quanto ela, a saírem do mundo virtual para irem às ruas em prol de uma legislação mais rígida na área, no dia 22 de janeiro, às 10h.
Um dos idealizadores do movimento, Allan Reinado Viana, de 35 anos, explica que a ideia inicial era realizar a manifestação em São Paulo, com parceria das capitais Belo Horizonte e Rio de Janeiro. "Mas fui recebendo e-mails de outras cidades que queriam participar e o evento tornou uma proporção muito maior. Não me lembro de algo desse tamanho ter ocorrido antes, com tantas cidades se manifestando simultaneamente". No site do movimento, cerca de 30 municípios já confirmaram participação. Em São Paulo, o encontro ocorrerá em frente ao vão do Masp, na Avenida Paulista.
Mas o objetivo da manifestação, criada há dez dias, não é parar por aí. O fato de as autoridades não corresponderem às expectativas, ao não atenderem a chamados da população sobre casos de violência contra animais, é uma das revoltadas manifestadas por Viana, que acusa a Polícia Civil de crime de prevaricação. "Eles dizem: 'Não é com a gente, é com o Zoonoses'. Mas não é, é um crime, previsto na lei federal, é obrigação da polícia". Prova de que os agentes não cumpre seu papel, segundo ele, é o registro de um Boletim de Ocorrência denunciando a agressão à cachorra Lana, 30 dias antes de sua morte. A omissão, porém, permitiu que o animal morresse. Membro da organização APASFA – Associação Protetora de Animais São Francisco de Assis –, de São Paulo, que existe há 30 anos, ele conta que sempre orienta as pessoas a acionarem as autoridades, mas que elas acabam ficando de mãos atadas.
Na opinião de Viana, a morte da Yorkshire e as manifestações nas redes sociais foram a prova de que as pessoas, independente de ligação com proteção dos animais, realmente se importam com a causa. "Repercussão igual a essa nunca teve". O objetivo, segundo ele, não é apenas que a enfermeira seja presa, mas que as autoridades se posicionem com mais rigor. "Uma solução seria um curso de atualização para os agentes da polícia, pois poucos cumprem sua função".
No vídeo do Crueldade Nunca Mais, Luisa Mell passa uma mensagem aos indignados: "Não adianta só se comover e se indignar. Nós devemos fazer alguma coisa, e podemos. Ele não pode se defender, então nós temos que fazer a nossa parte pra que isso não ocorra mais".
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