Comer muita carne vermelha pode estar associado ao desenvolvimento de cancro renal, especialmente se for grelhada. Esta revelação foi feita numa publicação científica chamada American Journal of Clinical Nutrition, a qual divulgou os resultados de um estudo norte-americano.
Os resultados vão ao encontro das recomendações de dieta da Sociedade Americana de Cancro, que aconselha a limitação do consumo de carne vermelha e da carne preparada no churrasco e no forno.
O estudo seguiu os hábitos alimentares de 500 000 americanos com mais de 50 anos durante nove anos e descobriu que os que comiam mais carne vermelha do que o resto eram quase 20% mais propensos a sofrer de cancro renal.
Os investigadores alertam para o facto de que consumir carne grelhada ou de churrasco incrementa a ingestão de químicos relacionados com o cancro, no estanto ressalvam que não se deve abolir completamente a carne vermelha da dieta já que ela fornece, entre outros nutrientes, bastante ferro e proteínas.
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A maior absorção de substâncias químicas presentes na carne grelhada ou assada na brasa também foi associada a um maior risco. "Nossas conclusões corroboram as recomendações alimentícias para a prevenção do câncer atualmente, divulgadas pela Sociedade Americana do Câncer - limitar o consumo de carne vermelha e processada, e preparar a carne por métodos de cocção, como cozida ou assada no forno", disse Carrie Daniel, coordenadora da pesquisa, ligada ao Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos.
Estudos anteriores examinando a associação entre carne vermelha e câncer renal chegaram a resultados ambíguos, por isso Daniel e seus colegas usaram dados de um estudo que envolveu quase 500 mil adultos maiores de 50 anos, que responderam a questionários sobre seus hábitos alimentares - incluindo o consumo de carne - e então foram acompanhados por uma média de nove anos.
Durante esse período, 1,8 mil participantes - menos de 0,5% - foram diagnosticados com câncer renal. Na média, os homens envolvidos no estudo consumiam de 57 a 85 g de carne vermelha por dia, enquanto as mulheres comiam de 31 a 57 g. Os participantes que consumiam mais carne vermelha - cerca de 115 g por dia - tinham 19% mais propensão a serem diagnosticados com câncer renal do que os que comiam até 31 g de carne vermelha por dia.
A análise levou em conta outros aspectos que poderiam influenciar o risco de câncer, como idade, raça, consumo de frutas e legumes, tabagismo, consumo de álcool, hipertensão e diabetes. O risco de câncer renal era agravado também entre pessoas que comiam a carne mais bem passada, o que eleva sua exposição a substâncias químicas decorrentes do preparo.
O estudo não afirma que a carne vermelha, ou a carne bem passada, causa câncer renal. Como lembrou o epidemiologista Mohammed El Faramawi, da Universidade do Norte do Texas, muita gente passa a vida comendo carne sem ter câncer nos rins, ao passo que há pessoas que quase não comem carne e desenvolvem a doença.
"A carne vermelha é uma importante fonte de ferro, tem proteínas", disse El Faramawi, que não trabalhou no estudo, e recomendou que as pessoas não parem de comer carne vermelha - apenas sigam as orientações alimentares dos especialistas.
Daniel disse que são necessário mais estudos para compreender por que a carne vermelha parece estar associada a determinados tipos de câncer, e não a outros. Por enquanto, disse, a recomendação é reduzir o tempo de cocção da carne, não expô-la diretamente às chamas ou ao metal quente, e usar o micro-ondas para cozinhar parcialmente a carne antes de expô-las a altas temperaturas.
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