Gravidez: minha gravidez foi tranquila, pratiquei exercícios diários (corrida até 5 mês ou, caminhada, ou hidroginástica), me alimentei bem, por isso não engordei muito (10 kl), pratiquei pompoarismo (15 min. diário) e sexo normalmente (evitam lacerações vaginais), e, sobretudo me informei bastante durante os 9 meses, chegando a aderir a um grupo de mulheres ativistas do parto humanizado aqui de Maceió, e isso fez toda diferença na hora de escolher o meu obstetra e meu parto.
Escolha pelo parto domiciliar: tomei a decisão de realizar um parto domiciliar aos 8 meses de gestação, qdo estava mais perto de parir, e imaginei que um lugar gelado, cheio de regras, e com gente estranha, não seria o ambiente ideal para o “grande encontro”. Além disso, me muni de informações estatísticas quanto a partos e descobri que todos os grandes estudos observacionais publicados reforçam as vantagens do parto domiciliar em termos de desfechos maternos, resultando em menor taxa de intervenções como episiotomia, analgesia, uso de ocitocina, operação cesariana e parto instrumental (fórceps e vácuo-extrator), sem aumento do risco de complicações para mães e bebês e com elevado grau de satisfação das usuárias que passaram por essa experiência. Dentre esses estudos, Dr Melania (uma das maiores estudiosas do parto humanizado Brasil) destaca o estudo holandês (de Jonge et al.), publicado em 2009, envolvendo mais de 500.000 partos, e os estudos mais recentes, publicados em 2011, o do National Health System (NHS) no Reino Unido (mais de 60.000 partos) e outro grande estudo de coorte holandês com mais de 679.000 partos. Nesse último estudo, evidenciou-se uma mortalidade perinatal de 0,15% em partos domiciliares planejados contra 0,18% em partos hospitalares planejados em parturientes de baixo risco. O fato é que, infelizmente, mesmo com a melhor assistência, 15-18 em cada 10.000 RN irão morrer, quer nasçam em casa quer no hospital, mesmo em países desenvolvidos como a Holanda, não havendo diferença significativa nessa mortalidade de acordo com o local de parto (dados retirados do site estuda melania estuda).
Dessa forma estudada, uni estatística baseada em evidências científicas, medo de intervenções hospitalares, e o sonho de parir bem e acolhedoramente,… a escolha foi feita.
Dessa forma estudada, uni estatística baseada em evidências científicas, medo de intervenções hospitalares, e o sonho de parir bem e acolhedoramente,… a escolha foi feita.
Meu Parto: Parir em casa foi lindo, o bebê nem chorou o nascer, num tomou banho imediatamente (só no outro dia), nem fez aspirações, num esteve a luz forte de hospitais, não tomou injeções desnecessárias (vitamina K), não lhe foi aplicada substância química tmb desnecessária(colírio nitrato de prata), não foi retirado de mim em seguida para fazer testes e mais testes, eu não tive que ficar na posição que os médicos geralmente obrigam, não tomei soro sintético, nem anestesia, o meu companheiro estava ao meu lado junto com meu irmão e a enfermeira, meu cachorro e minha gatinha, comi e bebi o que eu quis no trabalho de parto, pari ouvindo músicas de meditação, gritei apenas no expulsivo ( se não me engano…kkkkk), fui pra piscina, defequei muito (menos no expulsivo),depois fiquei em cima da bola, depois fui pra chuveiro, depois fiquei acocorada na pilastra, enfim, foi tudo conduzido por mim e pelo Áyron, que se comportou muito bem, e no final, pari com os ombros sustentados no sofá, agachada de frente pra galera, pari no chão.
Dor: sinto que meu trabalho de parto só foi mesmo doloroso meia hora antes do expulsivo, nesse momento “pedi pra sair”. Todas as horas eu me concentrei na ideia de que as contrações eram dores passageiras, por isso “ela vem, vem, vem, mas depois se vai, vai vai”, nesse exercício mental me mantive firme, e assim não gritava, não me mexia muito, apenas suspirava, e batia com os dedos. No entanto meia hora antes de expulsar, as contrações não vinham e paravam como antes, elas se mantinham intensas, e apenas vinham, daí não suportei. A Juliana Oliveira foi minha parteira, enfermeira, doula, amiga, mãe, e ouviu muitas besteiras nesse momento (eu quero ir pro hospital, eu preciso de anestesia, o bebê num quer nascer em casa, eu não tenho passagem, enfim, esqueci de tudo que li, esqueci de Ric Jones, esqueci de Dr Melania, esqueci de Dr Antonio Sérgio, que me deu forças também pra parir em casa, esqueci das meninas da Roda de Gestantes, esqueci da vizinha aqui que pariu em casa 7 filhos), mas a Juli se manteve forte dizendo que estava tudo tranquilo, que o bebê já queria vir, que ele estava chegando, que eu estava linda, que meu parto estava maravilhoso, daí meu irmão e marido, que não sabiam o que dizer, foram na onda da Juli e também me encorajaram, “shay, ele tá chegando” “ele já está entre nós”, até que me convenci e mentalizei: “agora vc vem negão”, “agora tu vai descer”, “vem que eu te queeeero” (kkkk). E com gritos e forças fomos ao primeiro encontro. Nasceu a cabecinha e rapidinho o corpinho, nasceu com uma circular de cordão, (obs: na hora do parto ele mudou de dorso a esquerda pra direita) e ao sair foi imediatamente pros meus braços, depois de 15 minutos expulsei a placenta. Pensei que iria chorar quando o pegasse, mas acho q chorei tanto durante a gravidez que acabaram as lágrimas.
Fiquei 14 horas em trabalho de parto, das 00:30h Às 13:35, foi tudo filmado e fotografado, e Áyron nasceu com 3 kilos, 50 cm, um bebê calmo, num chora, tranquilão e mama e dorme que é uma beleza. Foi tanta ocitocina que meus peitos incharam de amor e leite quase que imediatamente, e eu apostava com a minha mãe que ia dar leite qdo ela dizia q eu não ia pq meus seios são pequenos. Não tive lacerações, não tomei pontos, e no mesmo dia, 3 horas depois, já me levantava, andava pela casa, tomei banho;;;enfim… depois de tudo abrimos uma champagne, eu dei beijo na boca da Juli (kkkk), o marido fez jantar, ligamos pra família (q nem imaginava esse plano kkkk), e a casa ficou uma zona, claro ..era sangue, placenta, cocô, piscina, balde de água..kkkk; mas o único desagradável mesmo é ouvir todo mundo dizendo que “é a cara do papai”…puta q paril…vc passa por uma dor da disgrama, pra depois o povo nem identificar seu bebê com vc…. rrapazzzz, ô raiva !!!! ,
Finalmente, tudo valeu a pena, principalmente por poder me sentir tão selvagem e mesmo assim me tratarem com tanta humanidade. Fico pensando, como eu poderia sentir tudo isso dentro de um hospital? eu ia quebrar tuuudo, pois queria mil posições, queria beber mta água, qria ver meu irmão, meu companheiro, abraçar alguém, qria gritar, deitar, qria me sentir livre a vontade pra “sofrer”, andar pelada, ouvir música, dormi no intervalo das contrações, etc. Após o parto fui pra cama pensando que foi a melhor escolha q fiz, e que é absurdo um médico e um hospital todo querer manipular seu parto e seu bebê com dezenas de intervenções violentas, como ocorre na obstetrícia brasileira, portanto é preciso que as mulheres se informem e se planejem durante a gravidez, para que esse lindo momento não seja traumático ou asséptico, e seja sim, um momento intenso, amoroso e muito acolhedor. Foi a noite mais linda do mundo pra mim.
shayana busson, 32 anos formada em história e mestranda em ciências sociais. Pariu Áyron em 07/01/2014, em Maceió. Shayanabs@gmail.com
fonte:http://vilamamifera.com/
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