terça-feira, 23 de setembro de 2014

Queimadas são ameaça aos animais silvestres


Para se proteger do fogo, bichos fogem para a área urbana. Média é de cem capturas por mês neste ano
Carla Rodrigues
carla.rodrigues@jornaldebrasilia.com.br

Os efeitos da seca não são sentidos apenas pelas pessoas. De janeiro deste ano até a semana passada, 909 animais silvestres foram resgatados em áreas urbanas pelo Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA). O número, uma média de cem por mês, revela que os bichos também sofrem com as consequências da escassez de chuva, aliada às altas temperaturas. 
"As queimadas, comuns nesta época do ano, impactam no habitat   deles. Assim, perdem abrigo e acesso aos seus alimentos. Por conta disso, muitos fogem em busca de novo local para caçar. Entretanto, como faltam corredores ecológicos no DF, eles passam pelo ambiente urbano e se perdem”, explica o comandante da corporação, major José Gabriel de Souza Junior. 
 Enquanto a equipe do JBr. estava no batalhão, na Candangolândia, um filhote de sucuri e duas tartarugas foram resgatadas. Os bichos serão encaminhados ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). “Lá, uma equipe de veterinários e biólogos avalia as condições para que os bichos voltem ao seu habitat”, explica ainda o major Souza Junior. 
Ainda segundo o comandante, o animal mais recorrente nas capturas em áreas urbanas é o saruê, conhecido também como gambá-de- orelha-preta. “O pessoal confunde bastante com ratazana. Ele é pequeno, se alimenta de insetos, larvas e frutas. Seguidamente, temos um por aqui perdido”, conta o major. Depois dele, os que mais sofrem com a estiagem são as cobras, gaviões, corujas e jabutis. 
Ação do homem
Foram registradas, até o dia 17 deste mês, 3.146 ocorrências de incêndio florestal em todo o DF, de acordo com o Corpo de Bombeiros. E o principal causador dos focos continua segundo a ação do homem. “Os próprios cidadãos, que fazem queimas  sem cuidado  e sem o necessário monitoramento e vigilância de suas ações, continuam causando as queimadas”, diz a major Maria Luiza Parca. 
 Para ela, “é imprescindível uma mudança de comportamento e uma parada completa do uso do fogo para queimas, seja de restos vegetais ou resíduos de podas e lixo. Mais que extinguir o fogo, é necessário extinguir a prática corriqueira  do uso do fogo”. A major diz ainda que  os mamíferos são os animais mais afetados pelas chamas, já que o ciclo de vida deles é mais longo e as fases de desenvolvimento são mais complexas. 
Visitas inesperadas
 
Na quinta-feira passada, um morador de Sobradinho encontrou um filhote de gavião aparentemente machucado dentro de seu restaurante. “Eu estava abrindo a loja e só vi um rasante para dentro dela. Quando cheguei mais perto, vi que era um pássaro. Ele se debatia e parecia não conseguir mais voar. Eu liguei para a PM, mas eles não puderem atender de imediato, estavam com muitos chamados. Aí, os bombeiros vieram resgatá-lo e me disseram que é um filhote de gavião rei”, conta Felipe Pessoa. 
 No mês passado, um lobo guará foi atropelado na descida do Colorado e morreu. Outro também foi encontrado no estacionamento de um bloco da  104 Sul. O animal foi filmado pelos moradores. No vídeo, ele parece acuado entre os carros. “É comum que os animais silvestres fiquem nervosos com a presença das pessoas. Por isso, a gente pede que evite tentar tocar neles. O ideal é ligar  para a polícia”, indica o major Souza Junior. 
 
Saiba mais
 
No caso de encontrar um animal silvestre machucado em via pública ou perdido na zona urbana, a pessoa deve evitar entrar em contato e acionar a Polícia Militar Ambiental pelo telefone 190 ou (61) 3910-1965.
 Este número também serve para aqueles que desejam denunciar crimes ambientais. 
 
Já o Corpo de Bombeiros atende as chamadas relativas aos incêndios no 193.
 
O Ibama é o responsável pelo cuidados relativos à recuperação dos animais capturados. O órgão avalia se eles estão aptos a voltar à natureza ou se precisam de tratamento.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília

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