O motoboy Roberto Alexandre Oliveira Alves, de 36 anos, se viu diante de uma das mais difíceis missões na madrugada do último domingo (21) em Brasília: ele presenciou o momento em que um cachorro foi jogado de um carro e atropelado duas vezes no acesso a Taguatinga pela EPTG. Sem dinheiro, ele tenta ajuda para pagar as despesas do animal em um pet shop, além de exames e consultas. Os gastos são estimados em R$ 1,5 mil.
“Na hora em que eu parei a moto para entrar na curva, vi o cão rolando, vindo do alto. Quando fui pegá-lo, veio um carro e passou em cima das patas e logo depois outro veio e passou na coluna”, disse. “Fiquei esperando por 20 minutos para ver se o tutor voltava, se buscava. Vou lá todos os dias. Acho que eu procuro mais o tutor do que o tutor tem interesse nesse cachorro.”
De acordo com o motoboy, o animal sangrava muito pela boca. Ele decidiu colocá-lo debaixo do braço e levá-lo a uma clínica veterinária que atende 24 horas por dia, em Ceilândia.
“Fui cortando o sinal. Tomei pelo menos duas multas por atravessar no sinal vermelho, mas eu não podia deixar o cachorro morrer. Ele estava muito machucado”, afirmou.
Alves diz que foi informado de que a estada do cachorro custaria R$ 600 até segunda-feira. Ele decidiu então passar os R$ 200 que tinha no cartão, que seriam usados para abastecer a moto, e ligar para uma protetora de animais.
Com a ajuda de Carolina Mourão, o motoboy esteve no local para procurar imagens de câmeras de segurança – sem sucesso. A protetora disse que ainda não denunciou o caso à Polícia Civil porque estava se dedicando aos cuidados com o animal, mas que vai procurar a delegacia nesta sexta.
Segundo ela, Bob – como foi batizado – sofreu uma lesão em um disco na coluna e corre o risco de não andar mais. O animal precisa fazer um exame que custa R$ 800, além de passar por veterinários especialistas e possivelmente fazer uma cirurgia.
“A crueldade com os animais domésticos é oculta, e aumentou proporcionalmente com a frustração social, pessoal ou profissional. Os animais sofrem na pele dentro de casa, quando não estão abandonados aos milhares com fome”, disse Carolina.
O motoboy, que nunca teve animais domésticos e mora com a avó, afirmou que pretende ficar com o cão. Ele conta que se apegou ao animal.
“Na hora que eu levei ele, ele ficava olhando para mim, e isso me deixou emocionado. Pensei que tinha que salvar ele e agora quero ficar com ele. Quero ter certeza de que ele vai ficar bem”, declarou.
De acordo com o Código Penal, o crime de maus-tratos contra animais tem pena entre três meses e um ano de prisão. O acusado também pode ser multado pela prática.
Fonte: G1
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